Confira abaixo as traduções de algumas das cartas que o Benedict leu neste fim de semana no Letters Live. Para ler a tradução que já postamos da carta escrita por Tom Hanks, que foi lida no sábado, clique aqui.
Carta que o Capitão Robert Falcon Scott escreveu para sua esposa Kathleen enquanto voltava do Polo Sul em março de 1912. Ela só veio a receber a carta quando o corpo dele foi encontrado em 1913. Nela, Scott pede que Kathleen se case novamente e que cuide do filho deles, o futuro naturalista Sir Peter Scott, que tinha nove meses de idade quando o pai partiu para a Antártica.
Para minha viúva,
Minha mais cara querida — estamos em um canto muito apertado e tenho dúvidas de sobreviver — Em nossas curtas horas de almoço eu tiro vantagem de uma medida de calor muito pequena para escrever cartas preparatórias para um possível fim — a primeira é naturalmente para você em quem meu pensamento em sua maioria habita acordado ou dormindo — se alguma coisa acontecer comigo eu gostaria que você soubesse o quanto você significou para mim e que lembranças agradáveis estão comigo enquanto eu parto.
Eu gostaria que você se reconfortasse como puder desses fatos também — eu não terei sofrido nenhuma dor mas deixarei o mundo livre de arreios e cheio de boa saúde e vigor — isso já está ditado, quando as provisões chegarem ao fim nós simplesmente paramos onde estamos a uma distância fácil de outros depósito.
Portanto você não deve imaginar uma grande tragédia — estamos muito ansiosos é claro e estivemos por semanas mas em condição física esplêndida e nossos apetites compensam todo desconforto. O frio é cortante e muitas vezes irritante mas aqui novamente a comida quente que o leva adiante é tão maravilhosamente agradável que nós dificilmente estaríamos sem ela.
Descemos uma boa parte da colina desde que eu escrevi o acima. O pobre Titus Oates se foi — ele estava em um estado ruim — o resto de nós continuamos e imaginamos que temos uma chance de atravessar mas o tempo frio não cessa de jeito nenhum — estamos agora a apenas 20 milhas de um depósito mas temos muito pouca comida ou combustível.
Bem querido coração eu quero que tome a coisa toda muito sensivelmente como tenho certeza que você tomará — o garoto será seu conforto. Eu tinha estado ansioso em ajudá-la a criá-lo mas é uma satisfação sentir que ele está seguro com você. Acho que ele e você devem ser especialmente cuidados pelo país pelo qual afinal de contas demos nossas vidas com algo de espírito que faz exemplos — eu estou escrevendo cartas neste ponto no final deste livro depois disso. Pode mandá-las para seus vários destinos?
Eu devo escrever uma carta para o menino se puder achar tempo para ser lida quando ele crescer — querida que você saiba que não nutro nenhuma porcaria sentimental sobre novo casamento — quando o homem certo aparecer para ajudá-la na vida você deve ser feliz novamente.
Eu espero que possa ser uma boa memória certamente o fim não é nada de que você se envergonhar e eu gosto de pensar que o menino terá um bom começo em parentesco do qual ele pode se orgulhar. Querida não é fácil escrever por causa do frio — 70 graus abaixo de zero e nada além do abrigo da nossa barraca.
Você sabe que eu te amei, sabe que meus pensamentos devem constantemente habitar em você e oh minha querida você deve saber que o pior aspecto desta situação é a ideia de que não a verei de novo. O inevitável deve ser encarado — você me incitou a ser líder desta comitiva e eu sei que você sentiu que seria perigoso — eu tomei meu lugar completamente, não tomei?
Deus a abençoe minha querida eu tentarei escrever mais mais tarde — eu continuo pelas páginas de trás. Desde que escrevi o acima chegamos a 11 milhas de nosso depósito com uma refeição quente e comida fria de dois dias e deveríamos ter atravessado mas fomos detidos por quatro dias por uma tempestade assustadora — acho que a melhor chance se foi. Nós decidimos não nos matarmos mas lutar até o fim por aquele depósito, mas na luta há um fim sem dor então não se preocupe.
Eu escrevi cartas em páginas ímpares deste livro — você conseguirá mandá-las? Você vê que estou ansioso por você e o futuro do garoto — deixe o garoto interessado em história natural se puder, é melhor do que jogos — eles a encorajam em algumas escolas — eu sei que você o manterá ao ar livre — tente fazê-lo acreditar em um Deus, é reconfortante.
Oh minha querida minha querida que sonhos eu tenho tido do futuro dele e ainda assim oh minha garota eu sei que você enfrentará isso estoicamente — seu retrato e o do menino será encontrado no meu seio e aquele no estojinho Morroco vermelho dado à Lady Baxter. Há um pedaço da bandeira nacional que estaquei no Polo Sul no meu saco de viagem particular junto com a bandeira negra de Amundsen e outras ninharias — dê um pedaço pequeno da bandeira nacional ao Rei e um pedaço pequeno à Rainha Alexandra e mantenha o resto um troféu pobre para você!
Que muitas e muitas coisas eu poderia te contar desta jornada. Como tem sido melhor do que descansar confortavelmente em casa — que contos você teria para o menino mas oh que preço a pagar — perder a visão de seu querido querido rosto.
Querida você será boa a velha mãe. Eu escrevo a ela uma pequena linha neste livro. Também mantenha-se com Ettie e os outros — oh mas você manterá a força para o mundo — só não seja orgulhosa demais para aceitar ajuda para o bem do menino — ele tem que ter uma ótima carreira e fazer alguma coisa no mundo.
Eu não tenho tempo para escrever ao Sir Clements — diga a ele que pensei muito nele e nunca me arrependi dele me colocar no comando da Discovery.
Tradução: Aline | Fonte
Carta do escritor Mark Twain para Walt Whitman, em virtude do aniversário de 70 anos do poeta:
Hartford, 24 de maio de 1889
Para Walt Whitman:
Você viveu durante os setenta anos mais importantes para a história do mundo e mais ricos no que diz respeito a benefícios e progresso para as pessoas. Esses setenta anos fizeram muito mais para expandir a distância entre o homem e os outros animais do que qualquer dos outros cinco séculos que os precederam.
Que grandes nascimentos você testemunhou! A prensa a vapor, o navio a vapor, o navio de aço, a ferrovia, descaroçador de algodão aperfeiçoado, o telégrafo, o fonógrafo, a fotografia, a fotogravura, a galvanotipia, a iluminação a gás, a lâmpada elétrica, a máquina de costura e os incríveis, infinitamente variados e inumeráveis produtos de alcatrão de hulha, aquelas mais recentes e estranhas maravilhas de uma época maravilhosa. E você viu nascimentos ainda maiores do que esses; você viu a utilização de anestesia na prática cirúrgica, pela qual o antigo domínio da dor, que começou com a primeira vida criada, chegou a um fim nesse mundo para sempre; você viu os escravos serem liberados, você viu a monarquia ser banida da França, e reduzida na Inglaterra a uma máquina que faz um espetáculo imponente de diligência e atenção aos negócios, mas não está ligada aos trabalhos. Sim, você realmente viu muito – mas espere mais um pouco, porque o maior ainda está por vir. Espere por trinta anos, e aí sim olhe a Terra por cima!
Você verá maravilhas atrás de maravilhas somadas a essas cujos nascimentos você testemunhou; e conspícuo acima delas você verá seu Resultado formidável – O homem em sua estatura quase completa, finalmente! – e ainda crescendo, visivelmente crescendo enquanto você olha. Nesse dia, aquele que tiver um trono, ou um privilégio de ouro que não pode ser adquirido por seu vizinho, pegará seus sapatos e se prepará para dançar, porque haverá música. Obedeça, e veja essas coisas! Trinta de nós que honramos e amamos você, oferecemos a oportunidade. Nós temos entre nós 600 anos, bons e seguros, guardados no banco da vida. Pegue trinta deles – o presente de aniversário mais valioso já oferecido para um poeta neste mundo – e se sente e espere. Espere até aquela grande imagem aparecer, e pegue o lampejo de sol em sua faixa; aí você poderá partir satisfeito, sabendo que você viu aquele para o qual a Terra foi feita, e que ele proclamará que o trigo humano vale mais do que ervilhacas humanas, e procederá a organizar os valores humanos baseando-se nisso.
Mark Twain
Tradução: Gi | Fonte
Carta de Marcel Proust para seu avô, na qual ele pede ajuda para resolver seu problema de prática excessiva de masturbação:
18 May 1888
Noite de quinta-feira
Meu querido avozinho,
Eu apelo para sua bondade para a quantia de 13 francos que eu gostaria de pedido ao Sr Nathan, mas que Mamãe prefere que eu peça para você. Aqui está o porquê. Eu precisava tanto ver se uma mulher pode parar meu terrível hábito de masturbação que Papai me deu 10 francos para ir a um bordel. Mas primeiro, em meu nervosismo, eu quebrei um vaso do quarto: 3 francos; aí, ainda nervoso, eu não consegui foder. Então aqui estou, de volta à estaca zero, esperando mais e mais horas passarem por 10 francos para me aliviar, mais 3 francos para o vaso. Mas eu não me atrevo a pedir mais dinheiro para Papai tão logo e então eu pensei que você podia me ajudar numa circunstância que, como você sabe, não é meramente excepcional, mas também única. Não pode acontecer duas vezes numa vida que uma esteja aturdida demais para foder.
Eu lhe beijo mil vezes e me atrevo a lhe agradecer antecipadamente.
Estarei em casa amanhã de manhã às 11h. Se você está comovido com minha situação e pode responder às minhas preces, eu com sorte o encontrarei com a quantia. De qualquer modo, obrigado pela sua decisão que eu sei que virá de um lugar de amizade.
Marcel.
Tradução: Gi | Fonte
Carta de Chris Barker para sua amada, Bessie Moore, escrita durante a Segunda Guerra Mundial, em que ele serviu como militar enquanto ela ficou na Inglaterra. Nesta carta, de janeiro de 1945, ele conta que finalmente está indo para casa e irá encontrá-la.
29 de janeiro de 1945
Minha querida,
Acabei de ouvir a notícia de que todos os militares que estão sendo mantidos prisioneiros podem regressar às suas casas. Por causa do problema com o transporte não podemos começar a ir antes do fim de fevereiro, mas provavelmente possa contar com estar na Inglaterra em algum momento em março. Pode ser mais cedo. Isso me fez ficar muito feliz por dentro. É ótimo, maravilhoso, esplêndido. Eu não sei o que dizer, e eu não consigo pensar. O adiamento não é nada, a decisão é tudo. Agora estou confirmando na minha cabeça as pequenas decisões que eu fiz apenas comtemplando a possibilidade. Eu devo passar os primeiros dias em casa. Eu preciso considerar dar uma festa em algum lugar. Acima de tudo, eu preciso estar com você. Eu preciso te aquecer, te envolver, te amar e ser gentil com você. Me diga qualquer coisa que está na sua mente, escreva toneladas e toneladas e toneladas, e planeje nosso tempo. Eu preferiria não me casar, mas quero que concorde com isso. Na batalha, eu estava com medo. Por você. Pela minha mãe. Por mim mesmo. Devemos esperar, meu amor e minha querida. Deixe-nos encontrar, deixe-nos ser, deixe-nos saber, mas não nos deixe cometer erros agora.
Que bom para nós ver um ao outro antes de eu estar completamente careca. Eu tenho alguns pequenos bons tufos de cabelo no topo da minha cabeça. Não é muito bom eu tentar escrever sobre experiências recentes agora que sei que poderei te contar tudo eu mesmo dentro de pouco tempo. O que eu tenho em foco agora é a primeira carta sua dizendo que você sabe que estou bem, e a próxima, dizendo que sabe que estou indo para você. Eu preciso tentar ficar fora do hospital mesmo com essas enfermidades após ser prisioneiro de guerra. Planeje uma semana em algum lugar (não Boscombe ou Bournemouth) e pense em estarmos juntos. A glória de você.
Nós estamos livres de deveres e ontem eu fui aos nossos amigos em Atenas, levando um pouco do seu café e cacau, que eles ficaram muito satisfeitos em ter. Obrigada por mandar. Nós estávamos nos abraçando muito animados, nos beijando e assim por diante, estilo continental. Eu espero que você não comece a comprar roupas (se você tiver os cupons sobrando) porque você ache que precise parecer bonita para mim. Eu ficarei triste se você comprar. Apenas continue o mais próximo possível do normal. Meu retorno no presente momento nos permite tornar público o nosso afeto mútuo. Eu contarei a minha família que espero passar uma semana fora com você em algum lugar durante minha licença. Meu conselho a você é contar para menos pessoas possíveis. Para alguém como Miss Ferguson você pode educadamente responder às suas observações que você pensava que era problema seu, em vez do dela. Tente evitar orgulhar-se e dizer muito. Esse é o meu conselho, nada mais do que isso. Eu espero que você entenda. Eu jamais quero que seja mais do que nosso assunto. Não permita intrusão.
Eu não sei a duração da licença que vou conseguir. Eu posso conseguir pouco quanto quatorze dias, e posso conseguir tanto quanto um mês. Eu me pergunto agora como eu devo te contar que estou na Inglaterra. Provavelmente ainda é mais rápido mandar um telegrama do que uma carta, e eu espero te mandar um anunciando que estou na mesma ilha. Eu mandarei outro quando eu estiver realmente perto de pegar o trem para Londres, e você pode ligar para Lee Green 0509 quando você achar que eu cheguei lá. Me diga como eu chego em Woolacombe Road, o número seria suficiente. Me lembrarei onde é e te encontrarei lá, ou em algum outro lugar que você diga, o mais rápido que puder. Eu espero que tudo se resolva sem nenhuma infelicidade para ninguém.
É uma coisa estranha, mas parece que não consigo seguir em frente e escrever muito livremente. Tudo que eu consigo pensar é ‘Eu vou para casa. Eu vou vê-la.’ É um fato, uma coisa verdadeira, um evento iminente, como terça-feira de Carnaval, Dia de Natal, ou o Banquete do Senhor Prefeito. Você tem que ir fora do país, você tem que estar hermeticamente fechado de suas pessoas íntimas, de sua casa, para perceber o presente que é ir para casa.
As poucas cartas suas que eu tinha, eu queimei um dia antes da nossa rendição, então ninguém além de mim leu suas palavras. Nos primeiros dez dias de nossa prisão, eu não tinha nenhum pensamento agradável em você; tudo o que eu fiz foi concentrar em tentar te dizer que eu estava bem. Mas quando nós tivemos alguns suprimentos deixados por aeronaves (em grande risco para eles mesmos em meio as montanhosas vilas gregas enevoadas e bloqueadas pela neve), começamos a esperar que poderíamos ser mandados para casa em nossa libertação. Eu estava sempre refletindo sobre você, sobre nós. É uma pena que o clima do inverno não será gentil conosco lá fora. Mas será bom sentar ao seu lado nas fotos, não importa qual possa ser a paisagem. Vai ser grandioso saber que nós temos o apoio e a simpatia um do outro. Não será maravilhoso estar junto, realmente junto, em carne e osso, e não apenas saber que uma carta é tudo o que podemos mandar?
Eu te amo,
Chris
Também é possível ver o Benedict lendo esta carta, aqui.
Tradução: Juliana | Fonte