Traduzimos uma ótima entrevista que Benedict concedeu ao site The Talks, em que fala sobre sua definição de felicidade como o budismo é fundamental em sua vida. Leia aqui:
Por Rüdiger Sturm
Sr. Cumberbatch, o que é felicidade para você?
Felicidade para mim é apenas ser: ser em qualquer momento. Se você está procurando felicidade, você não é feliz.
Essa é uma resposta profunda!
Mas é verdade. É o pote no fim do arco-íris, se você começar a procurar por isso. Mas eu gosto da ideia de que sua mente tem o poder de moldar sua própria realidade — por mais terríveis, por mais difíceis que suas circunstâncias possam ser.
Você pratica a meditação budista — é daí que esse princípio vem?
Exatamente.
A primeira verdade do budismo é que toda vida é sofrimento, dor e miséria. Você concordaria com isso?
Sim. Nem tudo está necessariamente em declínio, mas a mudança é constante. Tudo está em fluxo. Você vivencia vida através de seus sentidos e muitas vezes isso é dor. Agora, as pessoas pensam em dor como um carro batendo ou um membro em falta ou vida ou bala ou algo muito violento — mas não tem que ser. Pode ser a aflição, uma torção ligeira, a maneira com que o corpo aceita a tensão; todos nós sofremos. É o que a vida é. Existe grande alegria a se ter ao perceber isso e se libertar um pouco disso ao perceber que existe mais nesse jeito que nos une mais do que nos divide. Está tudo em fluxo, está tudo em corrente, é tudo transitório. O que vem vai, o que sobe, desce. É tão simplista, mas é uma coisa muito mais difícil de praticar, muito mais difícil. Se torna muito complicado viver disso. É muito fácil dizer.
Como você pratica isso?
Bem, a meditação se provou repetidas vezes, terapeuticamente, no tratamento contínuo de, por exemplo, pacientes com câncer e pessoas com doenças terminais, pessoas que sofreram ferimentos ou pessoas que têm estresse ou qualquer tipo de perturbação mental… A meditação é uma ferramenta para acessar uma quietude na mente que pode separar você de seus pensamentos e lhe dar espaço o bastante para começar a relaxar seu corpo de uma maneira que precise voltar a um padrão de sono, ou lidar com a causa das drogas que você está tomando. E é cientificamente provado! Não é uma coisa insossa que é legal fazer porque os Beatles estavam fazendo isso. Tem sido empiricizado junto com o sono. Eu gosto de dormir também mas como pai você não tem muito disso. E qualquer um pode fazê-lo!
Você pratica isso todo dia?
Eu tento, mas não pratico. Queria poder praticar! Normalmente eu faço isso uma vez ao dia, normalmente de manhã ou às vezes se tenho fadiga de viagem, tento meditar o desanuviar no fim do dia. É um ótimo jeito de aquietar uma mente antes de dormir.
Também deve ser útil em lidar com o caos de ser um ator de Hollywood.
O barulho, sim. É muito útil para isso. Sabe, estou contente de ter tido essa experiência antes de começar minha carreira, e também de ter chegado à fama tarde na minha carreira, comparativamente. Definitivamente ajuda a reequilibrar e reiniciar e dizer, “Oh, é aí onde você está, isso é o que está arrastando você para longe, como achar seu centro novamente. Estar no presente e no momento está no coração do que fazemos como atores.” Entre a fumaça e os espelhos disso tudo, se trata de estar presente.
Fumaça e espelhos?
É tudo fumaça e espelhos! Não é nenhum tipo de academia de atuação onde você está tirando camadas de si para revelar uma camada de verdade o tempo todo. Você está trabalhando para fazer alguma coisa disso, mas na batida de coração de fazer um filme enorme como Os Vingadores, por exemplo, pode ser difícil acertar absolutamente aquele único momento de emoção em cinco minutos porque é todo o tempo que eles têm por causa das outras coisas maiores em volta.
Se trata de precisão.
Bom, precisão é uma coisa. Nesta instância, não é um desenvolvimento enorme do personagem, se trata de como atender a história ao mesmo tempo em que se equilibra a integridade de uma parte do universo cinematográfico da Marvel agora muito amada. Então, eu aprendo a cada trabalho. Eu gostaria de pensar que aprendo. Aprendo de observar outras pessoas. Foi maravilhoso observar Robert [Downey Jr]. É maravilhoso observá-lo, e observar outras pessoas que realmente sabem o que estão brincando de dentro para fora.
Você acha que melhorou em cortar o resto do barulho, por assim dizer?
Eu acho que é um poder universal. Não há nada de especial nessa habilidade, todos a têm, e eu adoro isso — todos podem desenhar ou cantar. Se trata só de como as pessoas são levadas a isso e aprender e podem praticar isso. Acho que o barulho ainda pode ser esmagador, porém, têm dias bons e dias ruins. É estranho.
Mesmo depois de todos esses anos?
Acho que isso nunca se normaliza! Ainda acho isso divertido, intrusivo, maravilhoso e alarmante. São todas essas coisas. E existem certos aspectos, dos quais não falarei, mas que têm a ver com outras pessoas que não estão na sala das quais sou muito protetor. Essa é minha coisa principal.
Como você se tornou mais protetor desde que se mudou da televisão para os lagos maiores de filmes dentro do universo Marvel?
Bem, no que diz respeito a este lago ser maior que Sherlock… Acho que não é. Acho que Sherlock para mim teve um alcance maior do que algo como Doutor Estranho porque é televisão; é mais democrático, mais pessoas o viram. O alcance que esse programa teve é extraordinário. Foi um tipo de bomba de fedor que eu sabia que ia explodir no minuto que eu dissesse sim para fazer o papel. Mas não sabia quão grande isso seria — surpreendeu a todos nós que o fizemos. Mas sabe, não penso, tipo, “Está ficando maior e mais revelador”. Não estou interessado em subir, subir e subir. Acho que não tem muito mais para onde ir de qualquer maneira; gosto de um fluxo de movimento irrestrito — para cima ou para baixo — no que diz respeito à carreira.