Leia abaixo o artigo traduzido sobre The Abominable Bride publicada na edição de fevereiro de 2016 da Total Film. A revista também traz uma nova still de Zoolander 2 e uma matéria sobre Doutor Estranho, na qual explica os papéis de Benedict (Stephen Strange), Chiwetel Ejiofor (Barão Mordo), Tilda Swinton (Ancião) e Michael Stuhlbarg (Nicodemus West), além dos ainda não confirmados papéis de Mads Mikkelsen (Pesadelo) e Rachel McAdams (Enfermeira Noturna).
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Artigo:
Fantasmas do Passado
No set de “The Abominable Bride”, o especial de Natal de Sherlock
“É uma oportunidade única de deixar Benedict e Martin fazer dos dois jeitos.” Mark Gatiss pausa, em meio ao pensamento, e ergue uma sobrancelha. “É uma frase terrível…”
Insinuação a parte, fazer dos dois jeitos é precisamente o desafio que Gatiss e Steven Moffat se colocaram quando tomaram a decisão de seguir a terceira temporada emocionalmente fatigante de Sherlock com um episódio festivo de volta ao tempo fora da sequência lógica.
O especial de Natal iminente da série “The Abominable Bride” se estabelece para preservar o espírito visceral da adaptação da era moderna deles enquanto retorna os personagens de Holmes (Benedict Cumberbatch) e Watson (Martin Freeman) ao seu lugar verdadeiro na Londres vitoriana.
“Basil Rathbone e Nigel Bruce são os únicos outros Holmes e Watson que fizeram de época o moderno, então foi irresistível para nós”, Gatiss sorri, compartilhando uma pausa para o chá com Total Film em um dia amargamente frio em Bristol. “Mas não estamos fazendo uma esquete estendida de alívio cômico — é um mistério muito forte, um horror gótico cheio de sangue.”
Os fãs aguardando uma resolução dos momentos finais emocionantes e desconcertantes da terceira temporada, no qual Sherlock é chamado de volta de uma provável missão suicida pelo aparente retorno de seu nêmesis Moriarty (Andrew Scott) do túmulo, terão que esperar por pelo menos outro ano. A decisão de dar um passo para o lado para 1895 nasceu grandemente da necessidade. O agendamento notoriamente complicado de Sherlock se fez mais complicado do que nunca com os compromissos shakespearianos e marvelianos de Cumberbatch — com tempo para fazer apenas um episódio, Moffat e Gatiss optaram por fazê-lo um de um tipo.
“É absolutamente emocionante”, Cumberbatch se entusiasma com a mudança vitoriana, quando conseguimos pegar algum tempo de inatividade com ele entre tomadas. “Vai ser um pouco de puxão voltar [para o moderno], para ser sincero! É o Sherlock no você imagina ser seu meio ambiente natural, e ele não parece tanto um homem fora de seu próprio tempo.” Seu Holmes de 1895 está mais próximo do que Arthur Conan Doyle escreveu, mais cavalheiro cauteloso do que solitário antissocial, menos em desacordo com seus arredores mas ainda assim totalmente dependente do que Cumberbatch chama o “elemento estabilizador” de Watson.
Dash my wig*
Cumberbatch admite que também aproveitou a oportunidade para podar os cachos byronianos de Sherlock — um penteado amado pelos fãs mas odiado pelo ator — em um corte de cavalheiro sério e lustroso. “Fiquei muito empolgado em mudar o cabelo, mas além disso eu achei que eles estavam malucos”, ele admite. “Achei que eles estavam verdadeiramente loucos quando ouvi pela primeira vez que estavam fazendo uma versão atualizada, e então recebi o roteiro e foi amor à primeira lida.”
Não estamos simplesmente fazendo uma esquete estendida para o Comic Relief – é um mistério muito forte, um completo terror gótico – Mark Gatiss
Já tendo desenvolvido seu Holmes e Watson com tanta riqueza em detalhes, Moffat e Gatiss optaram aqui por começar com a amizade deles estabelecida e John casado com Mary (Amanda Abbington), lançando o episódio relativamente de acordo com a continuidade estabelecida. ”Nós não voltamos direto para o começo”, adianta Gatiss, ”mas nos divertimos refazendo alguns momentos…”
Como com todo novo episódio de Sherlock, sabemos quase nada sobre o enredo de A Noiva Abominável, mas parece ser isolado da trama da série para permitir a brincadeira com o gênero. O mais perto que a série já chegou de uma história de terror até agora foi com Os Cães de Baskerville, que uniu seus elementos sobrenaturais com uma explanação lógica e científica – esse, por sua vez, é diretamente listado como uma história de fantasmas.
”Em termos de ação e drama, é”, Freeman concorda, quando perguntado se o episódio mantém o nível de intensidade evidente na terceira temporada. ”Eles não deixam a peteca cair nesse sentido – não é por ser ambientada em outra era que a história se torna sedada ou excessivamente educada. Continua visceral e engraçada e caminha num ótimo passo.” Ele descreve o pulo no tempo como uma coisa energizante para uma série que sempre vestiu o espírito de seu material de origem: ”Se fosse novidade pura, eu estaria muito relutante, mas o espírito e o tom da série sempre funcionou tão bem porque eles pegaram o caminho de Arthur Conan Doyle e continuaram nele”.Garotos de Baker Street**
É evidente em todo momento passado com Cumberbatch e Freeman como eles apreciam profundamente esses papéis, que precipitaram (e propeliram) suas ascensões ao estrelato. ”Se nós tivéssemos deixado para fazer Sherlock pouco tempo depois, nós provavelmente estaríamos dizendo, ”Eu te digo quem seria brilhante pra esse trabalho, mas nunca vamos consegui-los….” Gatiss fala, impressionado, enquanto ele e Moffat mostram à Total Film uma perfeita e incrivelmente detalhada reconstrução da versão Vitoriana da familiar sala de estar do 221B. ”Somos muito abençoados.”
Com todo muito envolvido claramente compartilhando desse sentimento, a legião de fãs de Sherlock provavelmente pode descansar tranquila sabendo que não existe previsão de fim. Uma quarta temporada começará a ser produzida na primavera, com Moffat ominosamente prometendo ”tragédia” e ”consequências”, e Cumberbatch esperando continuar o trabalho de gradualmente humanizar seu Holmes misantropo.
”É realmente interessante continuar modificando o personagem, e o qualificando psicologicamente. Ele é um herói com características tão profundamente falhas que te envolvem e que te fazem voltar para examiná-lo, ao invés de considerá-lo um magico perfeito.”.A Noiva Abominável estreará na BBC One no ano-novo.
*Dash my wig (“desfaça minha peruca”, em tradução livre) é uma expressão de exclamação muito utilizada na época vitoriana.
**Baker Street Boys no inglês, uma brincadeira com o nome da banda Backstreet Boys
Tradução: Aline e Gi | Fonte