A revista mexicana Cine Premiere é mais uma das publicações com Doutor Estranho na capa. Junto de uma super matéria sobre o filme há também uma entrevista exclusiva com Benedict Cumberbatch, que nós traduzimos para vocês. Leia a entrevista e veja os scans da revista logo abaixo:
Benedict Cumberbatch: De Cientista a Místico.
Basta ver um Benedict Cumberbatch anormalmente corado, cansado e com dois ou três fios de cabelo fora do lugar — por um esforço que colocou em uma rotina que vimos anteriormente — para nos darmos conta do quanto estamos acostumados a vê-lo na tela sempre em perfeito controle. Seja como Sherlock, Khan, o inventor Alan Turing, e até como Smaug, nunca parece perder o estilo de cavaleiro inglês. Entretanto, aqui está, nos provando de uma vez por todas de que é um ser humano.
Tem experiência em artes marciais? Você parece que tem.
Isso é muito gentil (risos). Ou talvez o ângulo da câmera pela qual me viram no teste é muito gentil (risos). Não, não tenho experiência com nada em artes marciais. E se houver, é uma grande equipe e muita prática. Essa rotina tem sido particularmente difícil. Há uma cena de luta que fiz com Mads [Mikkelsen], por exemplo, de quem eu sou muito fã. É incrível tê-lo no set e ele tem muita experiência acrobática e com dança. Eu sou muito diferente. Mas, por sorte, esta é uma história de origem, então há a possibilidade de que eu melhore ao mesmo tempo em que o personagem evolui. Me recordo de ter pensado em algum momento: ”wow, isso dói”. Mas estou fascinado pela disciplina envolvida. Me parece incrível porque é uma dança, é pura coreografia. Está dançando com o seu oponente, e claro, dando golpes (risos), mas tem que estar atento ao seu ritmo, a seus movimentos e isso é divertido. Anteriormente eu já havia participado de certas cenas de luta, em Sherlock, por exemplo, mas nunca nada assim. Esse é um outro nível para mim, em plenos 39 anos de idade (risos).Recentemente visitou o Nepal para aprender mais sobre a fé budista, e você já tem falado que aos 19 anos da idade ensinou inglês para monges tibetanos por uma temporada. Estas experiências te ajudaram com este papel?
Sim, acima de tudo como um individuo que tem uma educação ocidental e que logo se submerge na sabedoria oriental em um mosteiro. Aos 19 anos escolhi Bengala Occidental como um lugar para ensinar inglês porque estava fora da minha zona de conforto e também estava começando a estar interessado no budismo e na filosofia oriental. Foi maravilhoso, eu aprendi mais com os monges do que eles aprenderam comigo. Foi incrível só por ver a sua vida diária e se envolver com eles. Só pelo sentimento de felicidade, de desejar o bem estar aos outros, que rodeia o lugar, é algo que te afeta e te faz se sentir bem. E isso foi parte deste trabalho: este médico ridiculamente lógico logo se dá conta de que o processo que tem que passar não se trata de curar suas mãos, mas sim de liberar o poder que tem dentro de si e que havia estado dormente com todo o resto que havia bloqueado em sua vida. É sobre aprender a controlar, mediante o ato de renunciar o controle. E é claro que a experiência me ajudou a entender isso.Mais do que uma pessoa lógica, Stephen Strange é arrogante no começo. Qual foi a mudança que viu?
Não é uma má pessoa, apenas acho que ele não sabe amar, está fechado. É um neurocirurgião que é respeitado por isso, mas é só quando sua vida começa a se desmoronar e ele se sente perdido que ele se torna um pouco monstruoso, e se deixa levar por este círculo de ressentimento. É como um animal ferido e ele se depara com a disciplina deste mundo mágico em que se expõe, onde entende que nem tudo se trata dele. Esta é a maior lição que ele aprende. Mas acredito que sua atitude venha de sua necessidade de controlar coisas, de sua história antes de se tornar médico e do que acontece aos neurocirurgiões num geral, pelo o que tenho lido. Como cirurgião, há um alto nível de incerteza, e ainda assim se vê a ciência como a última palavra para tudo. Porém somos organismos bastante caóticos. As pessoas creem que na hora a situação estará a favor do cirurgiões porque a ciência sempre prevalecerá, mas nem sempre é assim, e eu creio que para eles é particularmente muito difícil lidar com o fracasso. É fascinante esta parte da ciência.Procurou aprender mais sobre neurocirurgia para se preparar e criar o seu personagem?
Sim, li um bom livro de Henry Marsh, um dos maiores neurocirurgiões do mundo, e também tivemos um no set, que nos aconselhava sobre o uso dos instrumentos, assim como uma enfermeira. De vez em quando eu voltava e lhe perguntava: não sei se devo fazer isso ou aquilo… Tive um bom suporte. Desfrutei muito deste aspecto.Os quadrinhos fizeram parte da sua infância?
Sim, mas não tanto os de super-heróis. Eu lia Asterix; eu gostava um pouco mais de estar perto da realidade. Mas eu também recordo de ter lido um pouco de Homem-Aranha e Batman; de fato, este último foi o primeiro super-herói com o qual eu me envolvi um pouco mais quando criança, mas nunca tive essa obssessão por eles. Não conhecia o Doutor Estranho, mas eu gostei do quanto está preso a sua época e da cultura a qual foi criado (bom, todos são expressões do momento em que são idealizados), mas que também leva muitas oportunidades para o universo da Marvel.A Marvel mudou a agenda da produção para garantir que você estivesse no projeto. Por que queria participar tanto deste filme?
Uma vez que me sentei para conversar com Scott, eu pensei que definitivamente seria outro momento chave na evolução da Marvel, pois é diferente em tudo: personagens, circustâncias e tom. Seu poder é sobrenatural, não é deste mundo. Acima de tudo pensei que visualmente tinha o potencial para ser brilhante. O cara está sofrendo, é bastante extremo, e acredito que a história tenha um grande coração.
Tradução: Bru.