Confira uma entrevista publicada pelo site MCU Exchange com o roterista de Doutor Estranho, C. Robert Carghill. Ele fala da experiência de trabalhar com a Marvel, de como o estúdio queria que o filme fosse diferente de tudo que já haviam feito e de como todos foram incentivados a tornar o filme o mais criativo e louco possível. Além disso, Carghill fala da polêmica escalação de Tilda Swinton como o Ancião.
A Marvel surpreendeu a todos quando lançou o primeiro e empolgante trailer de Doutor Estranho semana passada. Embora puramente um teaser, nós pudemos ter um fabuloso olhar para dentro do mundo de Stephen Strange, que será trazido à vida por Benedict Cumberbatch, e nós não fomos desapontados.
Co-roterista de Doutor Estranho, C. Robert Carghill falou com The Sunday Service, e forneceu informações sobre o processo de desenvolvimento de Doutor Estranho e sobre o quão pouco nós sabemos do filme atualmente.
Quando se fala em escrever para a Marvel, ele disse que foi tudo aquilo que um fã poderia sonhar. Ele explica que as pessoas que são sortudas o suficiente para trabalhar com a Marvel estão vivendo o sonho e também descreve o pessoal como uma “grande família”. Sendo assim, não é uma surpresa que Carghill só teve bons comentários a respeito do processo de desenvolvimento da Marvel.
“Eles estão constantemente tentando evoluir os filmes de quadrinhos, em vez de dizerem, ‘Isso é o que funciona, nós vamos fazer isso,’ eles dizem: ‘O que nós ainda não fizemos? Tipo, quais coisas malucas nós podemos fazer?'”
Nós vimos um pouco da esquisitice que Doutor Estranho irá trazer para o MCU (Universo Cinemático da Marvel), mas Carghill garante que, o que nós vimos, nem sequer começa a mostrar o que ainda está por vir.
“O teaser é a definição de um teaser. Você só está tendo uma pequena prova de quão louco esse filme vai ficar. Nós temos somente leves indícios de magia. Existem personagens principais que você nem sequer tem uma visão rápida no trailer, há tantas coisas acontecendo, que é simplesmente maluco, as coisas que eles nos deixam fazer, eu não consigo acreditar que eles nos deixaram fazer. Tipo…Kevin Feige e outros produtores como Stephen Broussard diziam ‘Como nós podemos tornar isso mais louco?’ e eu, ‘Tudo bem, vamos brincar.’ É uma baita de uma experiência.”
Segundo Carghill, a fiscalização da Marvel não foi controladora em excesso. Qualquer orientação do pessoal da Marvel era para estimular a equipe criativa a fazer um filme melhor, como um todo. Algumas pessoas de criação não lidam bem com comentários, mas para aqueles que conseguem lidar com uma equipe criativa que está fazendo de tudo para que seja o melhor que pode ser, o sistema da Marvel funciona. Carghill ainda elogiou bastante o executivo da Marvel, Kevin Feige, que controla o universo geral estabelecido dentro do MCU.
“Nós tivemos muitas reuniões sobre a história durante o tempo em que eu estava trabalhando nela. Ele estava no set com muita frequência. Nós tínhamos umas longas seções de tomar notas, mas nós nos demos muito bem. Originalmente, o planejamento não funcionou, mas à medida que as coisas foram evoluindo, ele foi trazido para a equipe.”
Quando perguntado sobre como esse filme irá atrair o grande público, dado todo seu misticismo, Carghill explicou que o filme tem um pouco para todos.
“A chave é que, a principal coisa sobre Doutor Estranho, é que ele tem uma ótima história, tem uma ótima narrativa…ele é um personagem legal, mas essencialmente tem um pouco para todos no sentido de que Doutor Estranho tem uma excelente narrativa dos personagens, e fala muito sobre eles. Mas é uma história de super-herói, e é também um filme de fantasia, então se você é tipo ‘Cara, eu não quero assistir pessoas voando por aí e lançando lasers uns nos outros e robôs batendo um no outro, eu quero assistir um filme de fantasia, eu quero algo como Harry Potter ou Senhor dos Anéis,’ você terá um pouco disso com Doutor Estranho porque é tudo um universo de fantasia muito, muito mágico mas que ao mesmo tempo brinca com algumas coisas de super-herói que as pessoas gostam.”
Ele continuou explicando a história de origem do Doutor Estranho como uma “alegoria do superherói” clássica.
“Este é um cara se erguendo ao heroísmo, Dr. Strange começa como um cara egoísta, vaidoso, que um dos neurocirurgiões mais bem sucedidos no mundo, ele é boa pinta, não tem problema em pegar mulheres, é rico, é cheio de si… depois ele tem suas mãos destruídas em um acidente de carro e tudo vai embora. Ele perde tudo e fica desesperado, e ele tentará qualquer coisa, então ele se conforma com a magia e… eu não quero estragar mais sobre isso.”
Quando perguntado se este filme poderia ter sido feito antes de filmes como Harry Potter terem introduzido o mundo à ideia de magia e misticismo difundidos, ele disse que sente que a confiança que as pessoas têm no Universo Marvel é o que ultimamente ajudará a vender as partes mais mágicas e místicas da história.
“Estamos enfrentando a história de origem, porque a história da origem é tão incrível que Christopher Nolan arrancou metade dela para Batman Begins.”
(Carghill também disse que o deixa feliz ver as pessoas reclamarem de Doutor Estranho ser parecido demais do o Batman Begins de Nolan.)
Quanto ao que entrou no molde da história do filme, de acordo com Garghill, houve algumas ideias que eles trouxeram no começo, mas que a Marvel determinou ser demais para o MCU neste momento. Ela, no entanto, pediu para que eles se segurassem nelas caso haja futuros filmes do Doutor Estranho. E enquanto o MCU está todo conectado, Carghill disse que não houve pressão para preparar nada para filmes futuros, ou para amarrar aos filmes passados.
“A única coisa que a Marvel realmente queria fazer com este era deixar o filme ficar por conta própria. Eles estão cientes de que vários dos filmes deles estão começando a parecer desordenados… há uma piada de que esses filmes essencialmente são comerciais de duas horas para os próximos comerciais de duas horas, e não é isso que eles querem ser.
“Não houve pressão para, “Ei, pode acrescentar este personagem, pode amarrar neste e neste evento?” A única pressão que houve era, “Não, nós já brincamos com essa ideia neste filme e não gostamos de nos repetir então não vamos fazer isso, e não, não queremos isso, queremos algo novo, ao invés de parecer com esse personagem.” Então sim, a grande pressão era fazer algo diferente e renovado. O fato de este trailer parecer o contrário de todo o resto é o que eles gostariam que a Fase 3 e a Fase 4 fossem. Eles querem que esses filmes executem o lance de visuais e sensações. Não querem aquele visual e sensação de um filme da Marvel. Eles querem que todos esses personagens existam em seus próprios mundos da mesma maneira que os quadrinhos existem como os quadrinhos.”
Neste ponto, é esperado que vejamos alguns Easter eggs em cada lançamento da Marvel, seja na tela grande ou na pequena. No que se trata de Doutor Estranho, Carghill disse que ele pode ter colocado alguns Easter Eggs no filme, mas não vai falar sobre eles — não porque seriam um spoiler, mas porque ele não quer alguém os tire no processo de edição.
A respeito de Tilda Swinton ser escalada como o Ancião, Carghill diz que não havia jeito de ganhar na escalação. Um motivo por trás da decisão a respeito da mudança no Ancião para o filme foi conseguir comercializar o filme para a China, que poderia banir o filme com certas representações da situação política no Tibete. Ele também disse que cada representação da raça que eles consideraram arriscaria enfurecer parte de público.
“Não podemos, não há jeito verdadeiro de ganhar isso, então vamos usar isso como uma oportunidade de elencar um atriz incrível em um papel masculino.”
Carghill também comentou que o Ancião é um personagem que tem uma história muito feia, parte da qual não seria aceita se o personagem estivesse sendo criado hoje. Manter algo verdadeiro para essa história, mas aceitável hoje, era uma batalha perdida. Carghill continuou a salientar que nós vimos muito pouco do universo que foi criado.
“Nós fizemos um dos filmes mais multiculturais que já vimos em anos.”
Conseguiremos ver este grande filme multicultural e místico quando Doutor Estranho estrear em 4 de novembro de 2016 [no Brasil, 3 de novembro].
Tradução: Juliana e Aline | Fonte