O site da revista britânica Radio Times postou um artigo sobre a exibição de The Child in Time que no BAFTA ontem. É uma mistura de seleção de comentários feitos pelo elenco durante o bate-papo que aconteceu após o filme com crítica. Confiram abaixo a tradução (PODE CONTER SPOILERS):
Há uma cena em The Child in Time que é ao mesmo tempo tão insuportavelmente triste e tão linda, que você sabe que ficará com você por dias.Benedict Cumberbatch interpreta Stephen Lewis, um homem que perde sua filha de quatro anos de idade, Kate, num supermercado e nunca a vê de novo. Em um segundo, ela estava lá, no outro, não estava. Três anos depois, ele entra no quarto dela (inalterado desde o dia em que ela desapareceu) e recupera de debaixo de uma árvore um presente ainda embrulhado que ele comprou para Kate de Natal, como se ela fosse se materializar a qualquer momento. Dentro está um par de walkie talkies. Ele coloca um na cama e vai para a sala com o outro. ”Papai para Kate”, ele diz, sua voz falhando. Ele diz para ela o quanto ele a ama e sente sua falta, antes de desligar com um pesaroso ”câmbio”.
A adaptação do romance de Ian McEwan lançado em 1987 feita pela BBC1 inclui também Kelly Macdonald como a esposa de Stephen, Julie, e Stephen Campbell Moore e Saskia Reeves como Charles e Thelma, seus amigos. É uma história de dor e anseio, e de um casal tentando encontrar o caminho de volta para as vidas um do outro após a tragédia separá-los.
O drama lida com o tema da infância em três níveis. Primeiro e principalmente, o trauma de dois adultos perdendo sua filha. Em segundo lugar, um homem (Charles) que sente ter tido sua infância roubada e está procurando por ela de novo e, finalmente, a intervenção do governo no desenvolvimento infantil.
Há momentos em The Child in Time que vão secar a garganta e acelerar o ritmo do coração de qualquer pai ou mãe que está assistindo. Há o crescente pânico no supermercado enquanto Stephen procura por sua filha, e então há a desintegração de seu casamento quando culpa é atribuída. Toda vez que Stephen sai, ainda que por um minuto, ele deixa um aviso na porta dizendo que ele voltará logo, para o caso de Kate aparecer. Em todo lugar que ele vai, ele a vê, vestida com sua capa de chuva amarela, pelo canto de seu olho.
Numa sessão de perguntas e respostas que seguiu uma exibição de divulgação, Cumberbatch disse que a sensação causada pela ausência de Kate foi quase tão forte quanto a presença dela no filme: ”Quando você tem toda aquela presença e vida, sentir aquele silêncio, aquele vazio, a capinha amarela não pendurada no gancho, uma única escova de dente no copo e simplesmente o vazio de um lugar que teve a vida dela nele”.
The Child in Time deveria ser absolutamente lúgubre, mas não é. MacDonald o descreve como sendo repleto de ”amor e vida e esperança e ser humano” e há momentos genuinamente e sabiamente engraçados. Atingir esse equilíbrio delicado entre humor e sinceridade é um feito do diretor Stephen Butchard.*
Cumberbatch disse que foi um papel estranho para ele, porque foi tão inartificial. ”Estou usando metade do meu guarda-roupa e eu pareço mais ou menos comigo mesmo – não há espaço para se esconder”, ele admitiu. E ele está certo: fora estão o chapéu à la Sherlock e a capa de Doutor Estranho. É apenas ele.
Mas com uma performance multifacetada e poderosa como esta, somos lembrados do motivo de ele ser um dos melhores atores de sua geração.
The Child in Time vai ao ar no domingo, 24 de setembro, às 21h na BBC1.*
Observações:
Mas, falando no Stephen, ele é outro que elogiou o trabalho do Benedict como Stephen Lewis. Em entrevista para o BBC Writersroom publicada ontem, ele foi questionado sobre a importância de escolher o elenco certo para o projeto e só encontrou coisas boas para dizer sobre Benedict:
Para começar, foi tão importante conseguir o Benedict, não apenas porque ele trará público para assistir ao filme, mas também por causa, fundamentalmente, de sua qualidade. Ele traz à tona todas as nuances e faz com que você sinta exatamente o que Stephen está sentindo.
Tradução: Gi | Fonte