As primeiras críticas de Mogli – Entre Dois Mundos começaram a sair esta noite!
O filme, que chegará a alguns cinemas americanos e britânicos amanhã e à Netflix mundialmente no dia 7 de dezembro, é um projeto de amor do seu diretor (e ator) Andy Serkis. Como sempre, selecionamos alguns trechos para traduzir para vocês, tentando não incluir spoilers. Confiram abaixo:
(…) Episódica e apática, a produção, que estava programada para ser um lançamento do Warner Bros. até o estúdio vender os direitos mundiais de distribuição para a Netflix em julho, combina visuais que são alternadamente luxuosos e horripilantes, captura de performance que não convence e fica abaixo da alta qualidade e um elenco de prestígio (incluindo Christian Bale, Cate Blanchett e Benedict Cumberbatch) que curiosamente não consegue engajar.
É para Mogli viver em dois mundos, um ”filhote humano” lutando para ser ele mesmo no meio de criaturas que não estão acostumadas a dicotomias, mas Mogli nunca encontra um equilíbrio feliz entre nenhuma de suas facções beligerantes. Sombrio demais para crianças, monótono demais para adultos”.
Deu nota C+ para o filme.
Mogli chega à Netflix como um meio-irmão mais moderno e vivido dos filmes da Disney: sem medo de morte e sangue e pronto para enfrentar de cara o legado nauseante da alegoria colonial de Kipling enquanto oferece animais dublados por celebridades, um cenário imersivo e uma magia de efeitos misturada ao conhecimento de captura de movimento que Serkis tem como ator e diretor.
Naturalmente, isso faz com que esta versão, escrita por Callie Kloves, esteja mais próxima em tom ao impacto visceral da prosa de Kipling. A escuridão constante e os visuais ocasionalmente gráficos provavelmente reduzirão seu potencial como diversão para toda família – pense numa história a ser contada em frente à fogueira num acampamento ao invés de um espetáculo de verão – mas é um desvio bem-vindo da abordagem divertida que a Casa do Mickey faz dessas histórias atemporais.
(…) Por Serkis conhecer bem a tecnologia de captura de movimento, fica claro que ele dirigiu o filme tomando o cuidado para exibir e testar os limites da tecnologia usada em Mogli. O resultado varia, com momentos incríveis de CGI do mais alto nível (particularmente uma cena envolvendo um dos muitos animais na chuva vem à mente), mas também há momentos mais fracos (…). Mas, no geral, o CGI e a captura de movimento se misturam quase que imperceptivelmente com os elementos live-action.
(…)
Mogli – Entre Dois Mundos ainda tem um pouco de dificuldade em adaptar as histórias de Os Livros da Selva de Kipling a uma narrativa coesa, parecendo um pouco desarticulado às vezes, como se os produtores não soubessem como fazer a transição de um ponto do roteiro para o próximo. Dito isso, o roteiro de Kloves talvez seja a adaptação mais linear de Os Livros da Selva, fornecendo uma linha direta clara da história de amadurecimento de Mogli e como ela se conecta com as criaturas da selva. Além disso, Mogli – Entre Dois Mundos não tem medo do lado sombrio da selva e do próprio personagem principal, representando o jovem garoto como um verdadeiro filho da natureza – uma natureza que pode ser brutal, às vezes. Há momentos em que essa brutalidade, tanto da selva quanto do homem, é abordada de uma forma forte demais, mas esses momentos nem são irrealistas, bem sem peso emocional que serve para a história como um todo. Considerando tudo, o filme é uma adaptação convincente das histórias de Kipling que mantém os temas de “homem versus natureza” e ”encontrar seu lugar no mundo”.
No final das contas, Mogli – Entre Dois Mundos consegue se destacar em relação a adaptações anteriores de Os Livros da Selva através de sua história mais sombria e da maestria visual em seus animais de CGI.
Deu três estrelas de cinco para o filme, classificando-o como ”bom”.
(…) Considerando seu histórico com captura de movimento, faz sentido que Serkis prefira se deleitar nas texturas e nos seres da selva – e, para o crédito do filme, a animação e o trabalho de voz são superiores aos de Mogli: O Menino Lobo, dirigido por Favreau. Mas o terceiro ato de Mogli introduz questões morais potencialmente interessantes acerca das invasões do homem tanto na natureza, quanto em culturas estrangeiras para então correr por elas para chegar a um final totalmente convencional. As áreas morais dúbias nas quais o filme inicialmente prosperou são então abandonadas em favor da noção descomplicada de um salvador virtuoso que é necessário para restaurar a selva ao seu estado natural.
Tradução: Gi