A edição de hoje da Entertainment Weekly traz uma matéria sobre Doutor Estranho. Confira abaixo a tradução e os scans da revista:
Por Clark Collis
Você pode não pensar que o novo filme de super-herói da Marvel, Doutor Estranho, possa ter muito em comum com cinema avant-garde. Mas isso é por que você não é Tilda Swinton.
”Minha casa é o cinema experimental”, diz a atriz de Expresso do Amanhã. ”Eu sempre trabalhei com pessoas que estão bagunçando as coisas. Marvel vai fazer uma m**** que ninguém nunca viu antes”.
Dirigido por Scott Derrickson (A Entidade), o filme certamente promete uma vibe diferente, até mesmo num universo Marvel que agora inclui uma árvore falante e um homem que consegue controlar formigas. Benedict Cumberbatch (Sherlock da PBS) estrela como Stephen Strange, um brilhante neurocirurgião cujas mãos são danificadas horrivelmente num acidente de carro. Depois de gastar todo seu dinheiro tentando se recuperar de suas lesões, Strange acaba parando no Nepal, procurando pelo O Ancião (Swinton), quem ele acredita que pode ajudá-lo. ”Esse homem atinge o fundo do poço e além”, diz Cumberbatch. Você pensa, ‘Quanto mais esse cara consegue aguentar?”’.
Ao invés de oferecer uma solução médica, o personagem andrógeno de Swinton e seu coorte Karl Mordo (Chiwetel Ejiofor de Perdido em Marte) apresentam Strange para o pluridimensional ”multiverso” – a representação do que realmente soa como parte da categoria de ”m**** que ninguém nunca viu antes”. ”Teve uma boa quantidade de arte e fotografia surrealista e M.C. Escher que contribuiu para o design visual do filme”, diz Derrickson, que gravou o filme no Reino Unido, New York, Hong Kong e no próprio Nepal. ”A ambição era de usar efeitos visuais de ponta para fazer coisas que são diferentes e novas – para não só explodir coisas”.
Com sua mente expandida, Strange começa a adquirir uma coleção de poderes aparentemente mágicos – incluindo a habilidade de lançar feitiços e voar. Rachel McAdams interpreta a uma cirurgiã de Nova York, Christine Palmer, enquanto a estrela de Hannibal, Mads Mikkelsen, interpreta Kaecilius, outro mestre das artes místicas, embora seus planos façam com que ele entre em conflito com Strange. ”Eu não o chamaria de vilão, e Mads não o chama de vilão”, diz Derrickson. Ele tem um ponto de vista muito persuasivo com o qual Strange é confrontado no filme. Isso, pra mim, é o que um bom oponente faz com o herói de uma história”.
Fãs deram uma espiada nos visuais surreais do filme através do primeiro teaser, que foi lançado em abril e incluiu uma cena com os prédios de uma cidade perpendiculares uns aos outros. ”Tudo que eu vou dizer é que o filme lida bastante com outras dimensões”, diz Derrickson sobre a imagem. Mas o falatório sobre os efeitos do teaser foram eclipsados pelo furor que irrompeu por causa da escolha de Swinton para fazer O Ancião, um personagem descrito como um homem asiático nos quadrinhos. Swinton insiste que, ao mesmo tempo em que ela entende a raiva diante da falta de representação de minoridades nas telas, ela é, no caso de Doutor Estranho, um engano.
”Qualquer pessoa que peça uma representação mais precisa do mundo diversificado em que vivemos me tem bem ao seu lado”, diz Swinton. ”Eu acho que quando as pessoas virem esse filme, elas verão que ele vem de um lugar muito diversificado, de várias formas. Talvez esse mal-entendido em torno desse filme tenha sido uma oportunidade para aquela voz ser ouvida, e não estou contra isso de jeito nenhum. Mas eu acho que quando as pessoas virem esse filme elas verão que ele não é necessariamente um alvo para essa voz”.
Esperar ver um filme para só então julgá-lo? Isso sim soa avant-garde.
Tradução: Gi