Confira abaixo a primeira parte da tradução da matéria de capa da edição de outubro da revista SciFiNow, que traz uma entrevista com Stephane Ceretti, supervisor dos efeitos visuais de Doutor Estranho. Veja também os scans da revista na nossa galeria.
Diagnóstico: Magia
As coisas mais estranhas estão chegando para o Universo Cinemático Marvel. Nós fomos aos bastidores com aqueles que sabem para descobrir o que esperar do filme mais ambicioso da Marvel até hoje…
Por Poppy-Jay Palmer
Toda vez que a Marvel Studios lança um filme novo, é sempre o que mudará a todos. Sempre é maior ou mais angustiante ou mais anos setenta. Se o mesmo é verdadeiro para Doutor Estranho, então o que ele tem de mais que podemos presumir? Nós apostamos na magia, no sentido literal e figurado.
A magia citada virá na forma do Doutor Stephen Strange (Benedict Cumberbatch), um homem com cuja história de origem você sem dúvida se tornou familiar: um cirurgião talentoso cujas mãos são mutiladas em um acidente de carro, levando-o a uma viagem a Catmandu, Nepal, onde ele passa por um treinamento nas artes místicas sob a tutela da Anciã (Tilda Swinton).
“A escala disso é outra coisa”, Cumberbatch disse ao Hall H na San Diego Comic-Con desse ano. “Este é um arco fantástico pelo qual o personagem passa; ele é alguém que aparentemente está em controle em um mundo que reconhecemos. Ele está no alto da hierarquia social e está seguro com isso. Então esta bagunça caótica de acidente acontece com ele, e [isso] se torna uma história sobre ele descobrir que não sabe nada. Ele ainda está no começo de entender do que a nossa realidade se trata, e o que está além da nossa realidade.”
“Nos anos sessenta, Doutor Estranho entrou no universo da Marvel Comics e se tornou uma voz nova e fresca para o mundo da Marvel Comics”, disse o diretor e roteirista Scott Derrickson. “A revista era uma história de origem, era cheia de visuais alucinantes, e foi uma virada à esquerda no universo Marvel. O filme que fizemos é todas essas coisas, saindo da ótima criatividade de Stan Lee e Steve Ditko.”
Como a maior parte da magia, quer venha de David Copperfield ou Houdini, ainda é magia mesmo que você saiba como é feita. No caso de Doutor Estranho, sabendo como ela é feita a deixa um pouquinho mais fascinante.
Doutor Estranho representará uma das primeiras vezes em que a magia abrirá seu caminho para o Universo Cinemático Marvel (a não ser que estejamos contando com a marca muito específica da Feiticeira Escarlate dela), então estamos esperando algo novo. Poderia este ser o fim do MCU como o conhecemos? O que quer que o estúdio tem reservado para a gente, será algo diferente, o que é por isso que falamos com o supervisor dos efeitos visuais de Doutor Estranho Stephane Ceretti sobre criar a magia.
Embora Derrickson tivesse uma ideia clara do que ele queria para o Mago Supremo quando entrou para o filme em 2014, Ceretti nos diz que o processo de chuva de ideias para o aspecto visual do film foi um esforço em equipe. Quando ele veio a bordo com Charles Wood, o designer de produção do filme (que também trabalhou em Vingadores: Era de Ultron, Guardiões da Galáxia e Thor: O Mundo Sombrio), Derrickson pediu uma reunião em Los Angeles depois de reunir uma enorme coleção de imagens, vídeos e outras referência visuais, cada uma estando fortemente conectada aos quadrinhos do Doutor Estranho. Então os três foram direto ao trabalho por umas duas semanas.
“Começando do que Scott tinha reunido, ele estava muito aberto sobre isso”, diz Ceratti. “Ele dizia: ‘Caras, vocês trabalharam nisso, estiveram reunido coisas por anos, coisas que eu ainda não vi. Tragam tudo para a mesa e vamos olhar para tudo’. Então nós meio que começamos desses pacotes originais de imagens e demos voltas e olhamos para mais referências em vídeo, mais fotos ainda, livros, coisas que coletamos na Internet, apenas para entrar achar algumas ideias e fazer sentido de tudo que estava no roteiro.”
Uma vez que eles tiveram uma ideia a respeito das imagens que se adequariam ao filme, eles passaram pelo roteiro e começaram a anexar as imagens e conceitos para as histórias que queriam contar. “Começamos a pre-vis [pré-visualização], e Scott estava muito aberto a fazer os caras da pre-vis começar a trabalhar muito cedo e meio que acertar todas as sequências”, Ceretti explica. “Foi um esforço colaborativo. Obviamente, Scott o estava dirigindo, mas ele estava aberto a todas a ideias que queria trazer à mesa.”
Mas trabalhar com tamanha liberdade foi melhor do que seguir uma ideia preconcebida? “Depende, algumas vezes é bom ter clareza, ” ele diz rindo, “mas para esse projeto especificamente, eu acho que isso seria um cometimento muito grande…Foi bom ter sido assim, aberto. E também porque é como se nós estivéssemos tentando fazer algo que era um pouco diferente. Foi bom ter sido aberto e colaborativo em relação a isso. Eu acho que é uma coisa boa para esse filme, na realidade.”
Para essa história em particular – a origem de Strange – cravar os efeitos mágicos foi chave. Eles queriam fazer da jornada do seu herói algo grandioso, audacioso e mágico, e ao mesmo tempo se manter fiel aos quadrinhos.
“Nós tivemos muitas referências dos quadrinhos em relação ao tipo de magia que Strange está fazendo e o que pertence a esse mundo,” diz Ceretti. “Nós tivemos referências para sua Capa de Levitação, a maneira com que eles vão para o além, as dimensões pelas quais ele viaja, o tipo de magia…Ele está usando mandalas, escudos mágicos e todo esse tipo de coisa. Todas essas coisas estavam dentro dos quadrinhos, mas nós tentamos abordar isso de uma maneira mais visual e física. “
Stephen Strange pode ser tecnicamente um personagem da Disney agora, mas Derrickson foi exigente em fazer com que a magia não parecesse muito com pó mágico e coisas esfumaçadas,” como Ceretti diz. “Ele queria algo muito mais legal, real e tangível,” ele diz. “Então nós olhamos fotografias, como as coisas se movem, como as coisas se comportam na vida real e como nós aplicaríamos magia, como fazer a magia se parecer com algo que nós podemos nos relacionar de certa forma? Então essa foi realmente a ordem de Scott ao longo do filme. Ele estava tentando fazer coisas que são reais se moverem de uma maneira que não é real, mas que pelo menos você consegue relacionar com o fato de que parece real. Tratou-se disso. “
Quando nós conversamos com Ceretti, ele ainda tinha muito o que fazer. No momento dessa entrevista ser impressa, foi anunciado que Dan Harmom foi contratado para filmar cenas adicionais, então a produção está longe de estar acabada. Ceretti, apesar de profissional e otimista, seria o primeiro a admitir que ele e sua equipe estão sentindo a pressão. “Sempre!” ele ri. “Mas é parte do trabalho, então está tudo bem.”
A pressão aumenta ainda mais pelo fato de que, desde o primeiro anúncio oficial, fãs tem esperado grandes coisas de Doutor Estranho, mais especificamente, eles estão esperando algo surpreendente em relação aos efeitos visuais.
“Nós estamos simplesmente tentando explorar algo um pouco diferente de novo,” diz Ceretti. “Você não sabe como as pessoas vão reagir, mas vale a pena tentar ser diferente.”‘Diferente’ certamente é possível de se perceber nos trailers, com efeitos que lembram um pouco A Origem e o design único do Sanctum Sanctorum, onde Strange mora com seu servo Wong (Benedict Wong). Mas trailers sempre são feitos muito antes da equipe de efeitos visuais realmente entrar no cerne do filme. Se o que já vimos até agora é somente o aperitivo, nós teremos realmente um presente com o prato principal. “Os trailers são somente a ponta do iceberg,” diz Ceretti. “Nós temos muito mais coisas que temos que fazer.”
Como os próprios quadrinhos do Doutor Estranho dependem muito do lado visual das coisas (apesar de todos os quadrinhos serem visuais, de fato) para contar suas histórias de mágicas e outras dimensões, o filme tem como trabalho fazer com que a magia se traduza de todas as formas para a telona. Inspiração para a estética do filme vem dos mais estranhos lugares.
“Nós olhamos para muitas coisas, como caleidoscópios, fractais 3D, obviamente as ilusões óticas de MC Escher (artista gráfico), todas essas coisas nós procuramos misturar. “ diz Ceretti. “Como nós podemos fazer todas essas coisas trabalharem em um ambiente dinâmico de perseguição ou em filme de ação? Como fazer essas coisas 3D se traduzirem em uma sequência que temos câmeras de movimentando, pessoas correndo e lutando e todas essas coisas? Esse foi o desafio em poder fazer mágica em um filme de ação e fazer com que parecesse levemente diferente, mas mais físico.”
Talvez, sem surpresa, projetar a magia dos quadrinhos para a tela veio de forma natural. “Nós sempre trabalhamos com desenhos e montagens, então de qualquer forma é como trabalhar a partir de quadrinhos,” diz Ceretti. “Nós estamos acostumados em transformar imagens simples em um mundo mais real. Especialmente nesse filme, pré-visualização foi a chave porque a complexidade de filmar foi bastante grande. Nós tivemos que abordar de forma bem cirúrgica e ser muito precisos com o que nós precisávamos. A pré-visualização e também a pesquisa e desenvolvimento que nós temos feito com os fornecedores bem no começo do processo para tentar descobrir como filmar as coisas e que tipo de interação nós precisamos, qual iluminação, quais técnicas nós precisamos usar para todas as sequências, foram bastante importantes.”
No entanto, a equipe também sofreu alguns tropeços ao longo do caminho, quando perguntado sobre o efeito mais desafiador requerido pelo filme, Ceretti ri. “Eles são todos desafiadores!” ele conta.
“A coisa desse filme é que cada cena é um pouco de desafio porque todas elas têm suas próprias questões. Mas eu diria que a projeção astral (o poder de Strange de separar seu espírito do seu corpo para ganhar fisiologia espiritual) tem sido difícil, por várias razões. Não irá parecer muito difícil quando estiver no filme, mas tem sido um desafio acertar. Criar todos esses ambientes e todas essas dimensões que nós estamos viajando a partir do ponto de vista visual e do ponto de vista de pesquisa e desenvolvimento tem sido bem desafiador. ”
Ocasionalmente, Ceretti e sua equipe são contra um efeito ou uma ideia e pensam, não temos ideia de como fazer isso. “Acontece mesmo!” Ceretti ri. “Acontece, mas nós sempre encontramos um caminho. Você só precisa pensar a respeito, especialmente quando você faz coisas que não estão relacionadas com algo com que você possa comparar ou algo assim.”
Com muitos filmes ambientados em nosso próprio mundo, os efeitos são geralmente fáceis de se conseguir. Por exemplo, se você está tentando executar um efeito envolvendo um carro, você pode olhar para um carro de verdade, ver como é e tentar replicar isso,” Ceretti explica. “Não é fácil, mas você consegue se agarrar a alguma coisa.” No entanto, pontos de referência se tornam muito mais difíceis quando o que você está imitando não existe. “Quando você está indo para mundos que nunca foram feitos antes e quando é muito subjetiva a história que você quer contar e essa coisa toda, há muita criatividade envolvida nesse ponto. É muito difícil conseguir manter todo mundo alinhado e também certificar-se de que estamos fazendo a coisa certa.”
“É bem desafiador e você faz pouco a pouco. Você faz artes conceituais, começa a trabalhar nos efeitos e depois descobre outras coisas. É um processo de constante evolução. Esse filme é muito difícil nesse sentido porque mesmo que você comece com ideias e tudo parece estar bom, as coisas podem funcionar ou não, e então você deve refazer e contornar as questões e encontrar maneiras de fazer aquilo parecer com o que você quer que pareça. É pensar constantemente sobre o que podemos fazer para que fique melhor e como chegar lá.”
Doutor Estranho é o quarto filme da Marvel em que Ceretti trabalha, e seu segundo como supervisor de efeitos visuais (o primeiro foi Guardiões da Galáxia). Ele revela que uma das melhoras coisas do estúdio é que contrata bastante as mesmas pessoas. Como resultado, a equipe se tornou algo como uma família, e trabalhar como uma unidade e compartilhar ideias é algo natural.
“[Doutor Estranho] é um pouco mais como Guardiões no sentido de que estamos tentando algo que é um pouco diferente, ” ele diz. “Em Guardiões, nós estávamos indo para o espaço e viajando através de galáxias, e nesse, nós estamos usando magia e viajando para outras dimensões, então é um outro tipo de desafio…Mas eu acho que todo mundo está muito animado, e nós todos estamos tentando trazer novas ideias. O estúdio tem nos apoiado muito, e estão tentando estar envolvidos e procurando inovar. Eles são destemidos nesse sentido, o que é muito legal.”
“Destemido” é a palavra chave quando falamos de Doutor Estranho. O filme está sendo definido para passar dos limites, ao menos no que se refere ao aspecto visual, que é algo que o departamento de VFX fazer a sua maneira. “Sempre foi meu tipo de coisa, trabalhar com essas coisas que são um pouco diferentes,” explica Ceretti. “Eu gosto de fazer isso. É meio estressante porque você nem sempre sabe como vai acabar ficando, mas é bom no sentido de que é criativo. Eu gosto desse lado”.
Um outro exemplo de sua falta de medo são os desvios dos gibis. Enquanto Cumberbatch e Benedict Wong são encarnações fieis de Strange e Wong, o resto do elenco envolveu liberdades substanciais. A Anciã de Swinton teve o gênero mudado dos gibis (embora houve controvérsia na decisão de remover o personagens de suas origens Tibetanas), e o Baron Mordo de Chiwetel Ejiofor era branco no material usado como fonte. Além disso, o antagonista Kaecilius, de Mads Mikkelsen, herdou o nome de um antagonista pouco conhecido (embora ele tem sido descrito como uma fusão de vários inimidos de Strange), e Christina Palmer (Rachel McAdams), embora seja uma das Enfermeiras Noturnas originais, não é a encarnação clássica.
“O negócio é que nós temos que encontrar o balanço entre fazer e não fazer tudo o que podemos”, termina Ceretti. “Sempre precisa estar a serviço da história. Então você está sempre pensando ‘estou indo longe demais?’ ou ‘será que isso é muito louco?’ ‘As pessoas ainda vão se relacionar com tudo o que está acontecendo com os personagens?’. É achar este balanço. Quero dizer, nós estamos exagerando com este filme, para ser sincero. Nós realmente estamos. Mas eu acho que é parte do filme. Ele precisa ser este tipo de filme. Se você não fizer loucuras em Doutor Estranho, então você não as fará em lugar nenhum.”
Doutor Estranho será lançado nos cinemas no dia 25 de Outubro (3 de Novembro no Brasil)
Enciclopédia das Artes Místicas
Seu guia para o mundo misterioso e excessivamente complicado do Doutor Estranho
Olho de Agamotto
Contido no amuleto que Strange usa em volta do pescoço, o Olho de Agamotto é uma arma de sabedoria que irradia uma luz mística poderosa. Ele permite que o portador veja através de todos os disfarces e ilusões.
Sanctum Sanctorum
Construído em um sítio de sacrifícios pagãos e rituais de indígenas americanos, o Sanctum Sanctorum é o condomínio de Strange em Nova York que funciona como um lugar para praticar a feitiçaria, e é protegido por um feitiço de força mística.
Dormammu
Descrito como “algo pior do que um demônio”, Dormammu é um ser antigo, uma entidade interdimensional e o inimigo mortal de Strange. Ele habita um reino alienígena que desafia as leis da física da Terra.
Plano Astral
O Plano Astral é outra dimensão no e além do plano material em um espaço equivalente ao nosso próprio. Aqui, as energias de vida e as consciências de outros seres são visíveis aos magos e adeptos.
Mago Supremo
“Mago Supremo” é o título manrido pelo maior praticante de magia de cada dimensão. Como o papel é mantido em estima e poder altos, Magos Supremos são ocasionalmente desafiados pelo título deles.
Livro do Vishanti
Como a maior fonte de conhecimento em magia branca conhecida na Terra, o Livro do Vishanti é um grimório altamente cobiçado. Indestrutível, contém feitiços de magia defensiva e foi escrito por autores desconhecidos.
Faixas Escarlates de Cyttorak
Este feitiço poderoso toma a forma de fitas vermelhas largas e brilhantes que normalmente são usadas para capturar ou aprisionar um alvo. As faixas podem até ser mandadas em grupo para pegar um alvo específico de uma multidão.
Feitiço de Hoggoth
Hoggoth é uma entidade mágica antiga da ordem que tem sido conhecida por aparecer em uma variedade de formas. O Feitiço de Hoggot, ou Brumas de Hoggoth, é usado para causar sono e esquecimento.
Truque de Mãos
Uma mão bem praticada pode fazer coisas mágicas…
Mão direita:
Os Tentáculos Gelados de Ikthalon
Este feitiço recebeu o nome do próprio Ikthalon, espelhando seus poderes. Ele conjura tentáculos poderosos que aprisionam o alvo desejado em uma cobertura de gelo, tornando-os incapazes.
Os Demônios de Denak
Numerosas garras invisíveis se manifestam no ar com o encantamento Demônios de Denak, que podem então ser usadas para atacar ou para rasgar vários objetos. O conjurador deste feitiço deve usá-lo sabiamente.
Mão esquerda:
O Poder Vagante de Inpartior
O sinal dos chifres pode ser usado para carregar todos os dispositivos móveis em qualquer lugar, então você pode verificar seus emails depois de uma batalha de feitiçaria. No entanto, não é compatível com nada feito antes do iPhone 5.
As Cadeias de Queijo do Papa John
Este gesto chama pizza. A mão se torna um telefone operante e liga automaticamente para a pizzaria mais próxima. Já que mãos não podem falar, você tem que falar pelo dedo mindinho para fazer o pedido.
Tradução: Aline, Juliana e Bru.