Dominic Cooke, diretor da segunda temporada de The Hollow Crown, falou com o site The A-List, da Vanity Fair sobre os desafios de filmar os três filmes da série, seu primeiro trabalho para a televisão. O artigo também traz novas fotos de Benedict, que interpreta o rei Ricardo III, dos bastidores da série, que você pode conferir na nossa galeria.
Existe muito hype em torno da série de Shakespeare da BBC The Hollow Crown: The Wars of the Roses — uma tríade de Henrique VI Partes 1 e 2 e Ricardo III — e com razão. Ela estrela um conjunto de atores britânicos — Benedict Cumberbatch, Hugh Bonneville, Tom Sturridge, Judi Dench, Sophie Okonedo, Andrew Scott, Ben Miles, Sally Hawkins, Samuel West e Keeley Hawes, para nomear alguns. O primeiro ciclo, a Henríade*, estrelou Tom Hiddleston, Jeremy Irons e Ben Whishaw e foi estreou em 2012; este, o segundo, vai ao ar em maio de 2016. Os dois são produzidos por Sam Mendes e sua equipe na Neal Street Productions (Garoto Nota 10, Soldado Anônimo, Foi Apenas Um Sonho, Call The Midwife), com a série mais recente sendo dirigida pelo diretor teatral e dramaturgo inglês Dominic Cooke. Enquanto Cooke tem enorme experiência no teatro — de 2006 a 2013 ele famosamente foi diretor artístico do Royal Court, onde foi responsável por encenar peças de longo alcance mundial como Enron, Posh, Clybourne Park, Constellations, That Face e Jerusalem — The Hollow Crown marca sua incursão na direção para a tela. Nós prevemos que esta não será sua última. Cooke se encontrou recentemente com a escritora e diretora Kinvara Balfour no V&A para discutir seu último projeto.
“Recebi um telefonema de Sam Mendes”, ele disse. “Eu estava de pé na estação Acton Central e ele disse, ‘Nós recebemos a permissão da BBC para fazer o próximo Hollow Crown. Decidimos que queremos um diretor para fazer todos os três filmes, e queremos que essa pessoa seja você.’ E eu estava quase em lágrimas. Não conseguia acreditar que alguém pediria que eu, que nunca tinha feito um filme antes, fizesse algo nessa escala.”
A escala é grande. Com 89 papéis com falas (“incluindo a melhor jogada: Michael Gambon fazendo uma cena”, Cooke brinca), seis batalhas e quatro coroações, em algumas das maiores locações da Inglaterra (Castelo de Alnwick, Castelo de Dover, Catedral de Wells, Great Hall em Winchester), é uma produção corajosa e lindamente cinematográfica. “Tiro meu chapéu para a Neal Street Productions e para a BBC por serem tão corajosas”, Cooke diz, “É um verdadeiro risco fazer um projeto assim. Sam tem sido extraordinário em termos de apoio e julgamento brilhante por todo o caminho. Bastante notável. Brilhante, absolutamente brilhante.”
Cooke estava bem preparado para o papel. “Eu fui diretor assistente na RSC [Royal Shakespeare Company], foi diretor associado sob Michael Boyd por quatro anos e agora sou um diretor associado na RSC, então fiz uma quantidade enorme de [trabalhos de] Shakespeare. E enquanto eu fazia mais e mais, percebi que minha responsabilidade como um diretor de Shakespeare é realizar o trabalho para o aqui e agora para um público aqui e agora. Se alguém quiser ler a peça, pode fazê-lo — ela vai viver muito mais do que eu. Então minha responsabilidade é fazer uma apresentação para o presente.” Ao fazê-lo, ele procurou por inspiração no cinema. “Eu queria fazer filmes muito emocionantes. Olhei em muitos filmes de guerra, como a incrível sequência de abertura de O Resgate do Soldado Ryan, e Apocalypse Now.
“Nós decidimos que do que essas peças se tratam é da desintegração moral da Inglaterra durante o período das Guerras das Rosas, resultando na interpretação de Shakespeare de Ricardo III (interpretado brilhante e arrepiantemente por Cumberbatch) como um psicopata.”
Shakespeare explora a natureza do poder, e que tipo de personalidades fazem bons líderes”, Cooke diz. “Então Ben [Power, que coadaptou o roteiro com Cooke] e eu pensamos, vamos rebobinar e nos certificar de que tudo nos nossos filmes se trata de como esse declínio moral acontece, momento a momento, para chegar a esse ponto. E na verdade na história, quando você olha para Hitler, Stalin, os grandes tiranos psicopatas, a história começa 40, 50 anos antes.”
As filmagens não aconteceram sem seus desafios. Em uma cena quando Joana D’Arc está queimando na estaca, Cooke sentiu o calor. Literalmente. “Laura [Morgan] foi absolutamente brilhante. Nós derretemos um monte de equipamento naquele dia. O fogo era tão forte que nós o quebramos; [the poor grip bought] todo esse equipamento extra para no qual colocar as câmeras e tudo isso se arruinou porque a temperatura era muito intensa.”
Quanto tempo de ensaio existe com um ator como Cumberbatch? Quando ele tem acrobacias complexas a fazer enquanto usa um figurino pesado, ou um monólogo enorme vindo em um barco no nevoeiro em um dia muito frio — Cooke está ensaiando no dia, minutos antes das câmeras rodarem? “Eu insisti em um ensaio de seis semanas. Não tínhamos muito tempo para encenar as cenas quando estávamos no set. Nossa agenda era insana. Hollyoaks** teve mais tempo! Houve um dia em que filmamos 13 ½ minutos de tempo de tela em um dia.”
A seguir, Cooke dirigirá On Chesil Beach, um filme para o cinema baseado no romance de Ian McEwan, estrelando a atriz-do-momento irlandesa Saoirse Ronan. Ele está pronto para o próximo desafio. “Eu acho que você tem que ser bem mandão para ser um diretor. A maioria dos diretores tem algum senso de liderança; você tem que ficar em uma sala e liderar algumas pessoas bem complicadas e muito inteligentes. Eu acho que as pessoas muitas vezes subestima a inteligência da maioria dos — certamente bons — atores. Todos os bons atores são muito inteligentes e não toleram a estupidez em outros, então é melhor você estar no seu melhor jogo.
The Hollow Crown: The Wars of the Roses vai ao ar na BBC2 em maio de 2016: HENRIQUE VI parte 1 (7 de maio), HENRIQUE VI parte 2 (14 de maio) e RICARDO III (21 de maio)
*Adaptação do termo inglês Henriad, tetralogia de Shakespeare composta por Ricardo II; Henrique IV, parte 1; Henrique IV, parte 2 e Henrique V.
**Novela britânica
Tradução: Aline | Fonte