O site do jornal The Telegraph postou hoje uma crítica dos dois primeiros episódios da nova temporada de The Hollow Crown, na qual Benedict interpreta Ricardo III. Confira abaixo a tradução da crítica, que é só elogios para Benedict:
PODE CONTER SPOILERS
Cumberbatch escandalosamente rouba todas as cenas em The Hollow Crown
Por Jasper Rees
A trilogia de Henrique VI abrange as histórias menos amadas de Shakespeare. No teatro, suas políticas contorcidas – com a presença de muitos personagens com nomes de países e catedrais – podem parecer uma maratona corrida num labirinto.
Os mais recentes episódios de The Hollow Crown – acompanhando as quatro peças, que culminam em Henrique V, que a BBC adaptou em 2012 – juntaram as peças de Henrique VI em dois filmes de duas horas de duração. O resultado, como espiado através de uma projeção para a imprensa essa semana, antes dos filmes irem ao ar no começo de maio, é viciantemente emocionante – e conta com uma participação deslumbrante de um dos atores mais comentados de nossos tempos.
O grande arco narrativo de mais de um século de conflito dinástico entre Yorkistas e Lancastrianos é trazido à tona de forma persuasiva pela adaptação eficiente de Ben Power. Reencontramo-nos com a história com Henrique VI (Tom Sturridge) agora o monarca nominal, mas todo o poder está investido em seu tio, irmão de Henrique V, Humphrey, Duque de Gloucester (Hugh Bonneville). Ao final do primeiro filme, com muito sangue já tendo sido derramado, o iminente espectro de infernalidade começa a se tear à silhueta do terceiro filho do Duque de York, chamado para dentro da história.
Como o jovem Richard, Benedict Cumberbatch tem apenas o status de jogador auxiliar, antes de ter sua vez no terceiro filme da nova temporada, Ricardo III, que ainda não teve pré-estreia. Em Henrique VI, seu papel pode ser pequeno, mas ele escandalosamente rouba cada cena em que aparece. Seu Ricardo, no começo um determinado maria vai com as outras, é o produto de horrores. Uma testemunha silenciosa do assassinato de seu irmão mais novo, seu desejo de sangue se transforma em violenta malevolência quanto mais ele se aproxima do trono. É um excitante relato de psicopatia.
Para intensificar a noção de ameaça, ele conta seus segredos mais obscuros diretamente para a câmera. Quando no final do segundo filme ele nina o recém-nascido filho de seu irmão Eduardo IV, você sabe exatamente o que está por vir. ”Eu sei matar enquanto sorrio”, ele ronrona. É desse filho de York que Frank Underwood conseguiu todas as suas melhores estratégias.
Como sempre com The Hollow Crown, o elenco consiste de todo mundo de que você já ouviu falar. Alguns como Anton Lesser e Samuel West são para os privilegiados. Demora um pouco mais para se acostumar a Bonneville ou Keeley Hawes falando em pentâmetro iâmbico. Um destaque é Sophie Okonedo, que se sobressai como a feroz rainha francesa de Henrique VI, Margaret, que, no estilo da Dinastia, humilha a Duquesa de Gloucester de Sally Hawkins.
Os episódios de 2012 de The Hollow Crown foram filmados por três diretores. A conclusão da saga está nas mãos do iniciante diretor de cinema, e experiente diretor de teatro, Dominic Cooke. Com tanto talento à mostra, às vezes ele não tem certeza de para onde olhar, e corta entre uma formal câmera fixa e uma inquieta câmera móvel. Há até mesmo uma câmera para capacete e, rapidamente, uma câmera falcon eye.
Mas, como nativo do teatro, ele tem profunda confiança de que os melhores efeitos especiais estão todos na linguagem.
Pessoas comentarão sobre o momento de lançamento desses filmes, logo quando o Reino Unido está se dividindo por causa do Referendo. Mas por toda a inquietação em torno da natureza de ser inglês, The Hollow Crown é, no final das contas, um estudo sobre paternidade e monarquia.
O Henrique VI de Sturridge é um rabugento adolescente pacifista com um complexo de Cristo. O Eduardo IV de Geoffrey Streatfield é um másculo trabalhador. O palco está pronto para a pecaminosa vez de Cumberbatch no trono.
Tradução: Gi | Fonte