Leia abaixo uma entrevista que Benedict deu ao Den Geek, na qual fala sobre o episódio especial de Sherlock, The Abominable Bride, conta como foi a experiência de levar seu personagem de volta à era original e do que ele achou da ideia dos criadores da série.
Benedict Cumberbatch fala sobre levar seu Sherlock de volta à era vitoriana no especial de Sherlock, A Noiva Abominável…
Por Louisa Mellor, 23/11/2015
Em fevereiro deste ano, detalhes sobre o especial de Natal de Sherlock estavam mais finos no chão do que pegadas incriminadoras depois de uma chuva pesada. Nós não tínhamos título, trailer ou sinopse do episódio passado na era vitoriana, apenas uma única imagem de Benedict Cumberbatch e Martin Freeman em trajes do século XIX.
Armado com apenas isso, foi a tarefa de um grupo de jornalistas visitando o set se transformar em detetive e descobrir o que podia ser deduzido sobre o Especial. Encarando elenco e criadores bem acostumados a esquivas e mergulhos de entrevistas capazes de revelar quase nada, abaixo estão os resultados de uma rápida interrogação de Benedict Cumberbatch…
Como você respondeu quando disseram que queriam fazer um Holmes vitoriano?
Eu fiquei emocionado! Falei, finalmente, posso ter um corte de cabelo [risos]. Posso alisá-lo para trás e não ter aquele esfregão de cachos na minha cabeça. E então eu falei, vocês estão loucos, o quê?
A primeiro apresentação foi bem leve. Foi no final do terceiro episódio da última temporada e eu honestamente não entendi como eles se sairiam com isso. E aí a apresentação mais detalhada veio quando eles estavam falando sobre a quarta temporada também e eu disse, tá bom, vai ser muito divertido. E realmente é.
É tão legal interpretá-lo na era dele. As coisas que são ligeiramente mais pesadas na era moderna em que há um homem claramente um pouco fora de seu tempo, é colocá-lo de volta na era em que é escrito originalmente, é uma alegria. Parece mais fácil a um grau. São coisas que eu tentei impor um pouquinho na nossa versão moderna, coisas como fisicalidade, estatura, muito do que é feito pelo conjunto de roupas e colarinhos e o chapéu de feltro e capa, então é um prazer absoluto.
Ainda assim não parece clichê porque você está atuando neles ao invés de citá-los. Você não está apenas os apresentando, eles eram funcionais naquela era, eram os itens de moda de rigor que se tornaram icônicos para ele, mas também muito úteis.
A mudança no período afetou sua performance?
Tenho certeza que sim.
Sherlock está mais em paz com seus arredores e ambiente?
Um pouquinho, um pouquinho. Quanto ele está no movimento vitoriano completo, é uma sensação muito adorável.
Ele ainda é grosseiro?
Sim, ele ainda é grosseiro porque ele atravessa a mediocridade. Ele é um meritocrata, isso é uma meritocracia, então não importa se você é Lorde ou Lady tal ou se você está dirigindo um cabriolé, ou se você é um dos meninos de Baker Street, trata-se puramente de qual é seu valor e suas qualidades, não se trata de posição social. Então sim, ele ainda é grosseiro. É grosseiro com idiotas ou pessoas que são pomposas ou sexistas… ele é bastante paladino a esse respeito. É sempre agradável ser.
Qual é o relacionamento entre ele e Watson? Watson está mais admirado com Holmes?
Acho que sempre há um pouco de respeito ao invés de admiração.
Ainda há o ‘bromance’?
Você só quer mesmo escrever a palavra ‘bromance’ [risos].
Não pode haver um artigo sem ela lá!
Pode haver. Você pode ser a primeira! Lute pela mudança na imprensa. [Risos]
Definitivamente é um companheirismo que está desenvolvido em nossa versão, então não estamos regredindo ao ‘uau! Caramba, Holmes’ ou algum tipo de adoração Nigel Bruce-sco; é mais complexo do que isso. É uma examinação do que eles eram nas histórias originais mas com nosso sabor.
Não queremos transformar isso em uma esquete, não queremos transformá-la em algo ridículo ou cômico mas ao mesmo tempo, porque queremos que seja fiel ao original mas ao mesmo tempo temos que ser fiéis à nossa versão disso. É um ato de equilíbrio muito delicado assim.
Há um elemento de travessura em decidir fazer isso agora?
Não muito. Não, não muito.
Porque está confundindo o que os fãs vão esperar após um cliff-hanger?
Possivelmente.
Mas há alguma diversão nisso?
Sim. Suponho que há algum tipo de esfregar de mãos satisfeita, se é necessária, de Mark e Steven, mas quando você está interpretando, você só vai e faz a coisa. Você está comprometido ao que está interpretando.
Por causa do cenário tradicional, você sente o peso dos outros retratos de Holmes?
Na verdade, não. Nós estabelecemos o nosso e os outros também. Ainda somos muito diferentes da versão do Guy Ritchie. Esse não necessariamente é um drama de ação steam-punk, ainda é nossa versão. Ela ainda tem as nuances do livro original com nossas viradas. Então, não. Sempre haverá comparações, sempre, não há como evitar isso.
Como eu fico adivinhando, eu acho que sou o septuagésimo sexto e o Robert Downey Jr é o septuagésimo quinto. Quando você é um de tantos, e algumas versões anteriores verdadeira, imensuravelmente icônicas na era original, não é saudável comparar.
A outra coisa bonita em voltar no tempo para esse é que você pode olhar para os livros como seu material de origem, que é o que eu sempre faço para nossa versão mas é ainda mais qualificável se apoiar neles para alguma inspiração, insight e caracterização, então tem sido bom, mais do que voltar para outras versões, é voltar para o material de origem.
Você acha que teria querido fazer o Holmes da época se essa fosse a série?
Sim! Muito, muito. Adorei muito, muito. Eu disse a Sue esta manhã, ‘vai ser difícil…”, sabe, falar sobre talvez fazer isso novamente. É muito agradável.
Você quase prefere isso?
Eu não sei. Elas são muito diferentes para comparar de algumas maneiras. Sim, sou muito ruim em responder perguntas de ‘favoritos’ [risos].
Deve haver alguma coisa satisfatória para fazer em deixar seu cabelo penteado para trás e…
Porque esse é o mais familiar. Somo eu digo no começo, você sente como se parte do peso fosse tirado de você, você não está tentando estabilizar este homem no século XXI.
Não conheço nenhum ator que tenha sido deteriorado com este papel. Bem, Rathbone saltou para frente para os anos quarenta e lutou contra os nazistas, então essa era a versão deles disso. Há um monte de coisas modernas. Acho que sou o único que fez isso tão severamente quanto fizemos.
O Holmes original era um campeão de boxe. Vamos ver você lutando?
Sim, estou sempre disposto a mais lutas. Vivo dizendo isso para eles. Eu gosto de me atirar por um set.
Seu Holmes vitoriano era progressivo? Você disse mais cedo que chamando as pessoas por serem sexistas e tal?
Eu acho que ele sempre foi, ele era muito charmoso com as mulheres. Ele deu respeito a muitas pessoas que de outra forma você não necessariamente teria pensado que naquela época ele daria. Ele é um homem que vai pela qualidade em vez da hierarquia social, mas acho que ele não é mais isso do que é nos livros é o que eu estava tentando dizer.
Não há perigo dos fãs modernos poderem ficar alienados por um Holmes vitorianos?
Eu não sei. Mas acho que não, ele tem muita luta nele, não se tornou condescendentemente legal e charmoso. Ele define as coisas como são, é muito direto com as pessoas.
E você vai fumar cachimbo dessa fez?
É um cachimbo pirotécnico. Não estou fumando, é um efeito. Até isso e divertido, ter isso como outra parte dele. Pode haver uma lupa que pode ser ligeiramente maior do que a que eu normalmente uso, pode ser ligeiramente mais familiar…
Alguma seringa cheia de cocaína?
Novamente, o departamento de adereços está se divertindo nesse trabalho. Todos os tipos de coisas estão sendo trazidos ao jogo.
Steven Moffat disse uma vez que você tem que usar o sobretudo Belstaff em todo Sherlock. Mas não usa nesse?
Não é contratual [risos]. Está ficando um pouco ultrapassado agora. Mark me deu um no fim da primeira temporada, eu falei, ‘o que está fazendo?’ Ele disse, ‘você deveria aproveitar isso, aproveite, porque você só vai ter dois meses usando ele, você fica ótimo nele’ e eu falei’ oh, ótimo’ então usei por um tempinho, mas mesmo então comecei a pensar ‘bem, não é como se alguém fosse tirar uma foto minha agora, mas e se alguém acidentalmente tirasse e aí dissesse ‘Passeando por Hampstead Heath com a porra do sobretudo dele!’ [risos] para selar minha reputação de ser um imbecil. Então me senti constrangido com isso.
Mas também, eu tive que devolver porque os nossos acabaram. A Belstaff não os faz mais e as réplicas não cumprem os requisitos então ele está de volta ao ciclo dos que temos. Tenho certeza de que ele usará o sobretudo de novo. É como o cabelo, o sobretudo, os ingredientes chave… mas o que me traz de volta mesmo para mais cruzada através das gerações é a evolução dele e os personagens nas histórias que você conhece e as histórias que criamos das histórias que você conhece. Esse é o verdadeiro nível de compromisso com ele que eu gosto, os pedaços presos do boneco vão mudar em algum ponto porque o que acontece por dentro tem que mudar muito também. Como ator, isso é o que intriga a todos nós a voltar e interpretar esses personagens é que há escopo para eles expandirem, mudarem e se desenvolverem.
Você acha que fazer em episódio vitoriano de Natal poderia se tornar uma tradição?
Ficar voltando para mais? Talvez, talvez. Eu não sei. Veremos como esse se sai. Acho que se ficar impossível programar uma temporada todo ano, ano e meio então sim, absolutamente, por que não.
É muito divertido, isso, mas isso adianta as coisas, não é por si só.
O quão determinado você está para continuar arranjando tempo para Sherlock?
Bastante determinado. Ainda estou gostando disso. Veremos como a próxima temporada se sai, mas uma vez nesta sala, como eu disse muitas vezes antes, adoraria continuar envelhecendo com ele. Martin e eu começamos isso relativamente jovens comparados com muitos dos Holmes e Watsons, então por que não?
The Abominable Bride (“A Noiva Abominável”) vai ao ar no dia 1º de janeiro de 2016 no BBC one e no BBC America.
Tradução: Aline | Fonte