Confira uma entrevista que Benedict deu ao jornal South China Morning Post durante o SIHH em janeiro, na qual falou sobre Doutor Estranho, Sherlock e outros projetos de sua carreira.
Benedict Cumberbatch: Hamlet, Sherlock, Doutor Estranho. O que vem a seguir?
O ator multitalentoso assume uma variedade enorme de papéis e diz que está para uma longa jornada.
Por Winnie Chung
Perguntas sobre sua família e “qualquer próximo filme da Marvel” estavam fora dos limites, os guardas de Benedict Cumberbatch me disseram enquanto nós éramos conduzidos às salas de reunião da Jaeger-LeCoultre no Salão Internacional da Alta Relojoaria (SIHH) para nossa entrevista.
Sem a capa vermelha ou o sobretudo do Sherlock, o esbelto e alto Cumberbatch parece muito mais tolerante e um pouquinho menos formidável na vida real. Agradável e educado, ele fala nos mesmos tons calmos e medidos que fizeram a fãs femininas (e às vezes masculinos) dele gritar em histeria.
A casa suíça de relógios estava recebendo Cumberbatch na Suíça, continuando um “relacionamento” que começou em Doutor Estranho, da Marvel, onde um relógio da Jaeger-LeCoultre teve um papel significativo como o último link remanescente do bom medico a uma vida anterior.
“Eu estive ciente da marca por muito tempo. É claro, tinha a ver com a empresa do filme e a empresa do relógio falando uma com a outra, mas também foi minha escolha. Eu poderia dizer que não gostei do relógio mas acho que este é o tipo de relógio que Stephen Strange deveria estar usando. Eu tive uma contribuição na escolha”, Cumberbatch diz.
“Faz sentido. Faz completo sentido, embora seja uma marca de luxo e muito de que a história se trata é um homem que está preso e uma jaula de ouro que ele mesmo fez. O relógio fica com ele embora esteja quebrado depois daquela batida de carro intensa… por causa da humanidade do relógio, e a importância do tempo para ele como o protetor do tempo e o mestre do Sanctum de Nova York.”
O tempo se tornou cada vez mais importante para o galã que se casou com a atriz-diretora Sophie Hunter em 2015. O casal tem dois filhos: Christopher Carlton, três, and Hal Auden, um.
“O tempo agora é gasto me certificando de que eu tenha o máximo de tempo que tenho com minha família”, ele diz.
Não uma tarefa fácil, com o número de projetos no cinema, televisão e teatro vindo na direção dele.Ele acabou de terminar vários projetos televisivos incluindo a recente adaptação do romance de Ian McEwan da BBC The Child in Time, sobre como um casal lida com o angustiante desaparecimento da filha deles.
Marcado para estrear em maio está a série de cinco partes Patrick Melrose, baseado nos livros de Edward St Aubyn registrando a vida do personagem título da classe alta de uma infância traumática ao abuso de substâncias e depois à recuperação. Cumberbatch também trabalha como produtor executivo.
“Era uma série de cinco livros sobre 40 anos da vida dele. Alguns amigos meus os recomendaram. Foi uma das jornadas de leitura mais alegres em que já estive. E eu sabia que tinha que ser parte disso, mas não sabia de que forma. Eu não necessariamente pensei que interpretaria o personagem mas estava muito disposto a promover a beleza da prosa e das imagens. É uma linguagem tão inteligente, seca, sincera, mas precisa; é simplesmente bonita,” ele diz.
Em algumas semanas, as plateias de cinema conseguirão vê-lo repetir seu papel como Doutor Estranho em Vingadores: Guerra Infinita. Embora impossibilitado de falar sobre o filme, ele descreve sua vez como o super-herói como “fantástica” e “inspiradora”.
“É uma combinação do foco pesado nas demandas comuns e um dia normal de atuação e então essas situações extraordinárias de maga ou o que quer que seja,” ele diz. “E [tem sido] uma curva de aprendizado também; muito trabalho de dublê, muitas cenas de ação, que eu já tinha feito antes mas não naquele volume. Mas eles cuidam muito de você. Temos muita sorte de fazer o que fazemos. O Doutor Estranho está no topo da lista.”
Mas mesmo com o trabalho de dublê, Doutor Estranho é muito o super-herói de um homem que pensa, onde a inteligência domina a força muscular. O mesmo poderia ser dito do Sherlock Holmes de Cumberbatch, que foi ao ar pela primeira vez em julho de 2010 e fez de “Cumberfrenzy” e “Cumberb****es” as deixas em inglês mais recentes, embora a última faça o ator se encolher.
“Eu nunca esperei que Sherlock decolasse como decolou. É claro, ele foi um personagem icônico. Eu sabia que o roteiro era bom mas não sabia que ressoaria com a base de fãs do original, muito menos a nova base de fãs explosiva que tinha entrado na internet. Então ele tocou para aquela multidão de uma maneira porque ele é uma versão do século XXI do personagem”, diz Cumberbatch, que ganhou um Emmy pelo papel.
A estrela dele estava em ascensão antes disso: ele tinha sido escalado por Steven Spielberg em Cavalo de Guerra e Tomas Alfredson em O Espião que Sabia Demais antes que os dois o tinham visto como Sherlock.
Filmes como Além da Escuridão: Star Trek, 12 Anos de Escravidão, O Quinto Poder e O Jogo da Imitação vieram em seguida, levando a uma indicação a Melhor Ator no Oscar por seu papel como o gênio Alan Turing em O Jogo da Imitação. Entre esses, Cumberbatch também subiu ao palco para as produções de Frankenstein e Hamlet, assim como emprestou sua voz para Smaug o dragão em O Hobbit; Shere Khan em Mowgli; e, a seguir, o Grinch na animação de mesmo nome. Ele também esteve narrando documentários como Walk With Me – A Journal into Mindfulness incluindo Thich Nhat Hahn.
O astro parece satisfeito quando eu aponto seu corpo de trabalho variado. “Este é o objetivo. Eu estou nessa para o longo prazo. Sherlock foi um sucesso imediato; eu nunca quis que isso impedisse a ideia de eu trabalhar até os 80, espero. É uma profissão para a vida toda”, ele diz.
“Eu tinha feito essa variação de trabalho antes e pensei porque não continuar isso? Foi importante confundir as expectativas das pessoas, especialmente interpretando papéis icônicos como Sherlock, não dar a elas outra variação desse personagem.
“É claro, existem crossovers porque eu sou que em sou e certos aspectos desses personagens realmente me intrigam, e eu acho que há ecos disso com Stephen Strange e Alan Turing, mas não tanto com Patrick Melrose, embora ele seja brilhante e amargo em seu humor.
“Mas também existem muitos personagem que estou interpretando ou vou interpretar que não ressoam do mesmo jeito. Então na jornada do personagem e e no próprio personagem, assim como a mídia, eu só queria manter fresco tanto para mim e para qualquer um, e deixar as pessoas adivinhando”.
Comédia é o único gênero pela qual Cumberbatch não recebe quase crédito suficiente. O ator teve um resultado incrível apresentando Saturday Night Live ano passado, abrindo com canção de Benedict Cumberbatch se gabando, completa com insinuações sexuais de uma Leslie Jones se contorcendo.
“Aquilo foi assustador”, Cumberbatch confessa com uma risada. “Aquele monólogo de abertura literalmente mudou cinco minutos antes de começarmos, ao vivo na televisão. [Cantar] certamente é algo no qual não tenho prática à proficiência. Eu sei cantar, mas consigo apenas segurar um tom. Acho que meus batimentos cardíacos não estavam tão altos em nada que tenha feito na minha carreira.
“Eu adoro comédia. Acho que aqueles que conseguem fazer comédia conseguem fazer qualquer coisa. Todo mundo fica tão surpreso quando Nathan Lane se transforma em uma performance dramática extraordinária e Zach Galifianakis faz uma performance enlouquecedora em Birdman. Eu não fico porque eles são mestres do ofício deles e acho que [comédia] é uma das maiores habilidades a se alcançar, então é muito agradável”.
Benedict Cumberbatch parece ter sido destinado a atuar. Nascido de atores britânicos bem conhecidos, Timothy Carlton e Wanda Ventham, ele cresceu testemunhando a indústria de perto.
“Meus pais foram uma grande influência para mim, em cada aspecto da parentalidade deles, mas também observá-los ter carreiras que facilitaram uma educação muito privilegiada e cara [para mim]. Não foi riqueza herdada, não foi dinheiro aterrado, foi puramente do meu pai trabalhando incrivelmente duro, colocando dinheiro de lado quando eu nasci e minha mãe trabalhando incrivelmente duro durante minha infância”, diz Cumberbatch, que foi um aluno de artes na prestigiosa Harrow School antes de estudar drama na Universidade de Manchester.
“Eles me mostraram as armadilhas da profissão e os altos dela, e o mais importante é que todos com quem eu falo, todos que encontro, que trabalhou com eles me falam que pessoas maravilhosas eles são. Essa é a coisa que me deixa mais orgulhoso e o que eles me deixaram como legado”.
Cumberbatch se lembra constantemente a não desvalorizar fama e fortuna.
“Eu estou ciente das fantasias do meu trabalho, como o trabalho pode decair e afluir, como às vezes pode ser banquete ou fome e então, quando estive nessa posição de sorte, tentei tirar proveito disso. Muitas pessoas colocaram fé em min através dos anos, e esse é um grande ímpeto para trabalhar duro”.
Benedict Cumberbatch: uma linha do tempo
1976: Nasce em Londres
2000: Se forma na London Academy of Music and Dramatic Art (LAMDA)
2004: Interpreta Stephen Hawking na série de TV A História de Stephen Hawking
2005: Indicado ao BAFTA TV Award a Melhor Ator por seu papel como Hawking
2010: Interpreta Sherlock Holmes na série de TV da BBC Sherlock
2011: Interpreta Frankenstein na produção teatral de Frankenstein no Royal National Theatre
2011: Conquista a “Tripla Coroa do Teatro de Londres” quando recebe o prêmio Olivier, o prêmio Evening Standard e o prêmio Critics’ Circle Theatre por sua performance em Frankenstein
2011: Indicado ao BAFTA de Melhor Ator Protagonista por Sherlock
2012: Vence o prêmio Critics’ Choice Television de Melhor Ator em Filme/Minissérie por Sherlock
2014: Interpreta Alan Turing em O Jogo da Imitação
2014: Nomeado uma das “100 Pessoas Mais Influentes do Mundo” da revista Time
2014: Vence o prêmio National Television de Detetive da TV por Sherlock
2014: Vence o prêmio de Melhor Ator em uma Minissérie ou Filme no Emmy Awards por Sherlock: Seu Último Voto
2015: Indicado ao Oscar de Melhor Ator por O Jogo da Imitação
2015: Apontado como Comendador da Ordem do Império Britânico (CBE) pela Rainha Elizabeth
2015: Casa-se com a diretora de ópera inglesa Sophie Hunter
2016: Interpreta Stephen Strange em Doutor Estranho, da Marvel
2018: Indicado como presidente da LAMDA
Tradução: Aline | Fonte