Benedict e Rachael Horovitz, uma das produtoras executivas de Patrick Melrose, concederam uma entrevista sobre a minissérie ao jornal americano New York Daily News. Confiram abaixo a tradução:
Benedict Cumberbatch diz que interpretar um viciado em drogas em “Patrick Melrose” é exaustivo
Várias cenas em “Patrick Melrose”, nova série do Showtime, faz o Sherlock Holmes famosamente hiperativo de Benedict Cumberbatch parecer sedado.
Cada episódio da série em cinco partes, que estreia sábado às 21h, é baseado nos livros quase-autobiográficos de Edward St. Aubyn. Eles focam em Patrick, um rico rebento britânico que é abusado sexualmente por seu pai quando criança, desenvolve um vício em drogas quando adolescente e luta para colocar sua vida nos eixos de novo.
Só no primeiro episódio, nós vemos Patrick preso numa busca desesperada e inconsequente por heroína durante uma visita à Nova York. Ele tem um lapso de incoerência durante um encontro num restaurante chique. Ele se mete na pior parte da cidade. Ele considera suicídio e, finalmente, explode num frenesi maníaco de destruição violenta.
“Interpretá-lo é exaustivo”, Cumberbatch diz ao Daily News. “Apesar de que, colocando em perspectiva, não é tão exaustivo quanto viver esta vida na prática”.
“Eu tenho receio de dizer ‘Sim, foi muito penoso’, porque todos os melhores papéis o são”.
A produtora executiva Rachael Horovitz diz sobre Cumberbatch: “Após uma cena particularmente longa, a equipe o ovacionou”.
E o ator deixa essa intensidade para trás quando as câmeras param de rodar?
“Com certeza”, diz Cumberbatch, 41. “Dá para imaginar como seria levar essa fera para casa com você?”
Ele ainda diz que, nos bastidores, ele “senta em silêncio num canto”, calculando como alguém que não é viciado em heroína interpreta alguém que é.
“Não é ficando bêbado que você aprende a agir como um bêbado”, Cumberbatch diz. “Você faz isso pensando em como representar os potenciais efeitos psicológicos e físicos”.
“Neste caso, você também precisar lembrar que esta não é apenas uma história sobre vício. É sobre se somos capazes de mudar”.
Completando o elenco estão Sebastian Maltz, como o jovem Patrick; Jennifer Jason Leigh como a distraída mãe de Patrick, Eleanor; Hugo Weaving como o pai abusivo de Patrick, David; Anna Madeley como a esposa de Patrick, Mary; Allison Williams como Marianne, a mulher que ele quer; e Blythe Danner como Nancy, a rica tia americana de Patrick.
E ainda que não pareça possível, “Patrick Melrose”, indo contra a lógica e diferente de quase todo conto no abarrotado campo de dramas sobre infâncias abusivas, é engraçada. Patrick tem uma sagacidade e não tem barreiras para empregá-la.
“Ele precisa ter senso de humor”, diz Cumberbatch. “É o que torna tudo suportável”.
O humor vem direto dos livros de St. Aubyn, cuja escrita Cumberbatch considera como uma das mais instigantes que ele já leu.
“As palavras de Edward foram o que me fizeram querer interpretar o Patrick”, ele diz, e uma feliz coincidência facilitou seu caminho.
“Edward havia nos abordado sobre fazer uma série”, diz Horovitz. “Nós pensamos no Benedict, que tem chances de ser o homem mais ocupado do mundo, sem fazer ideia de que ele também queria isso. Então, nós tivemos uma reunião, onde normalmente é necessário convencer um ator a participar, e foi tudo ‘Sim, sim, sim’, de ambos os lados”.
Cumberbatch acrescenta: “Todas as reuniões deveriam ser assim”.
Em 2010, o ator passou a interpretar o detetive particular Sherlock Holmes na série de investigação criminal “Sherlock”. Há alguns três ou quatro anos, na invejável posição de ser solicitado para quase todas as produções de TV, cinema e teatro do universo, Cumberbatch focou em duas.
“Eu estava pronto para interpretar Hamlet”, Cumberbatch conta ao Daily News. “E eu sabia que eu amaria tentar interpretar Patrick Melrose”.
Cumberbatch mergulhou em “Hamlet” com 92 performances no National Theatre de Londres em 2015. E, então, ele estava pronto para “Patrick Melrose”.
No que diz respeito ao que virá em seguida, não assuma que o homem mais ocupado do mundo tenha terminado seja com Hamlet, seja com Patrick Melrose.
“Com Hamlet”, ele diz, “há um incalculável número de variáveis. Após 92 performances, eu ainda não tenho certeza de ter feito do jeito certo”.
E Patrick Melrose?
“Você secretamente deseja que as pessoas que verem essa série clamem por mais livros, como elas fizeram com “O Gerente da Noite”, Cumberbatch diz. “Eu poderia imaginar o Edward o revisitando talvez daqui a 25 anos”.
“Isso seria intrigante. Mas esta história não precisa disso. É um evento único sobre uma série de livros única e maravilhosa”.
Tradução: Gi | Fonte