A edição de dezembro da revista londrina The Resident traz uma entrevista com Benedict. É curta, porém bem bacana. Ele fala sobre Sherlock, seu trabalho na Marvel, sua infância e a importância de lutar pelo que você considera importante. Confira abaixo os scans da publicação e a tradução da entrevista:
HERÓI LOCAL
Benedict Cumberbatch pode ter acendido as luzes estreladas de Tinseltown, mas parece que é no oeste de Londres que o coração do prolífico ator reside
Por Violet Wilder
Preciso, passional e objetivo são três descrições corretas de Benedict Cumberbatch, um ator que assumiu a reputação de ser ”o gostosão das mulheres que pensam”. É um título que ele deve principalmente à sua excelente, premiada interpretação daquele renomado detetive londrino, Sherlock Holmes, em Sherlock, a série de sucesso de Steven Moffat e Mark Gatiss.
Apropriadamente, quando questionado se ele voltará a usar o infame chapéu deerstalker, depois de rumores (vindos de um jornal britânico) de que a quarta temporada, que foi exibida em Janeiro, seria a última, o londrino de 41 anos se torna repentinamente obstinado e, alguns poderiam dizer, um pouco parecido com o Sherlock. “Eu acho que eu nunca falei sobre isso e, devo dizer, é a ala irresponsável da sua profissão chamando atenção para uma coisa que eu disse fora de contexto num artigo, então sobrou para você desfazer essa bagunça”, diz Cumberbatch, adicionando firmemente e sorrindo como quem sabe melhor: ”Eu nunca disse nunca. Você NUNCA diz nunca quando o assunto é Sherlock”.
Seja como for, fãs da série ainda terão que esperar por pelo menos mais um ano por uma quinta temporada, então é uma sorte que Cumberbatch tenha seus dedos perfeitamente cuidados em várias outras tortas, a mais gigantesca delas sendo seu papel recorrente como Doutor Estranho no universo de Os Vingadores, uma jornada que incluirá sequências, sequências de sequências, participações e aparições numa litania de spin-offs interligados – incluindo um lugar na nova comédia da Marvel, Thor: Ragnarok.
Interpretar um super-herói é um território diferente para a estrela, mas ele insiste que a decisão de assumir o papel do arrogante neurocirurgião transformado em Vingador teve menos a ver com a inevitável exposição e mais a ver com a satisfação do trabalho. “Sou eu me dando uma surpresa; É questão de fazer uma coisa que eu não fiz…ou pelo menos diferente em algum nível, ainda que não seja uma novidade absoluta”, ele diz, enfaticamente. “E, quanto mais velho eu fico, mais fica relacionado às pessoas com as quais eu quero trabalhar, especialmente diretores com os quais eu quero trabalhar – esse é um critério principal. E, porque eu tenho a minha própria produtora [SunnyMarch], eu tenho interesse em fazer cinema que eu gostaria de ver, então não é apenas uma questão de estar num filme, porque ver projetos desde sua concepção até sua finalização também é uma nova jornada”.
Se outro ator de Hollywood fizesse esse tipo de omissão, alguém poderia dizer que é da boca para fora, mas Cumberbatch é um tespiano puro-sangue que não tem a tendência de falar sobre seu ofício de forma frívola. Seus pais, Timothy Carlton e Wanda Ventham, foram atores de televisão conhecidos que criaram Cumberbatch e sua meia-irmã, Tracy, em sua cobertura em Kensington.”Ele foi comprado nos anos 70 por uns três mil”, ele ri. “Mas, para uma coisa tão barata, as lembranças e experiências são ricas. Minha primeira palavra, supostamente, foi ‘helicóptero’, porque eu costumava ficar fascinado por essas máquinas estranhas voando no alto em direção ao Kensington Palace.”
“Kensington é um bairro que sempre parece calmo, aberto e, ainda assim, extremamente privado”, ele continua. “Meus pais trabalharam muito duro para manter o que eles tinham e para me mandar para uma escola pública, mas eu teria ficado feliz do mesmo jeito em permanecer em Kensington, e é reconfortante que voltar lá agora não parece muito diferente”.
Com a ambição adolescente o vendo desviar em direção à area jurídica, as luzes do palco nunca foram movidas para longe da mente de Cumberbatch, e o tempo em Harrow cimentou a crença de que suas fibras criativas eram mais apropriadas ao entretenimento tradicional e certamente não à forma vista nas salas de um tribunal. “Eu tive o privilégio de poder escolher, ou pelo menos a oportunidade de trabalhar com qualquer coisa que não fosse atuação”, ele diz. “Mas, no final das contas, atuação era uma coisa com qual eu sabia que precisava me engajar”.
Cumberbatch pode ter realizado seu destino estelar, mas ele nunca se mudou completamente para Hollywood, preferindo criar sua família em sua cidade natal. E ainda que ele, sua esposa Sophie e seus jovens filhos, Christopher e Hal, atualmente residam no norte de Londres, aquela lealidade estólida ao seu território de origem foi comprovado inequivocadamente quando ele foi parte da campanha para impedir (com sucesso) o histórico prédio do Kensington Odeon de ser transformado em apartamentos, fazendo dele um herói dentro e fora das telas.
“Há algumas coisas que você simplesmente precisa apoiar com toda força”, ele diz. “E há algumas coisas tão estabelecidas na cultura da vida local, que elas realmente não deveriam ser perdidas, e ainda assim são…mas nós precisamos tentar”.
Tradução: Gi