Confira um artigo publicado pelo The Independent sobre o especial de Sherlock, em que Benedict e Martin falam sobre como foi levar os seus personagens Holmes e Watson de volta à era Vitoriana e veja também em nossa galeria as novas fotos do episódio especial que foram liberadas.
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Tendo atualizado com tanto sucesso as histórias do detetive para a série da BBC, seus criadores escreveram um episódio especial no qual Holmes e Watson são vistos em sua época original. Mas os astros Benedict Cumberbatch e Martin Freeman explicam que eles tiveram que ser convencidos.
por Gerard Gilbert
Benedict Cumberbatch teme que ele possa ter uma reputação de ser ‘um imbecil’. Esta visão cativante de um grande astro, autoconsciente o suficiente para ver além das legiões das chamadas “Cumberbitches” e outros admiradores, vem durante uma discussão sobre o casaco que ele usa em Sherlock, série da BBC1. Por um tempo, ao que parece, Cumberbatch costumava usar o casaco do Sherlock também fora do set, depois que o co-criador Mark Gatiss disse a ele que a peça lhe caía bem.
“Mas depois eu comecei a ficar um pouco constrangido de ser fotografado”, ele diz. “Eu poderia ser visto vagando por aí usando esse traje e selar minha reputação de imbecil. ” O casaco – agora bastante usado – está sendo seguramente guardado porque o Sherlock de Cumberbatch está atualmente muito mais charmoso e elegante do que o um tanto malvestido, estudante universitário que cresceu demais, com o qual nós nos tornamos acostumados.
O especial de Sherlock que está por vir, chamado de The Abominable Bride, acontece nos tempos Vitorianos e o desalinhado cabelo de esfregão de seu personagem está elegantemente penteado para trás, e Cumberbatch está usando um traje noturno típico da era Vitoriana. Ele está mais adequado para um clube de cavalheiros de Pall Mall do que para uma sala de ensaios sem aquecimento na central da produção em uma antiga indústria de engarrafamento em Bristol.
“Eu estava entusiasmado”, ele disse por interpretar Sherlock em sua forma original de 1890. “Pelo menos, eu pude cortar o cabelo.” Essa frase, ao que parece, é também uma metáfora para o alívio de colocar o moderno detetive de Steven Moffat e Gatiss de volta à sua era original. “Você sente que um pouco de peso é retirado de você,’ Cumberbatch diz. “Você não está mais tentando estabelecer esse homem no século 21. Outra coisa maravilhosa de voltar no tempo é que você pode de verdade olhar os livros como fonte, o que eu sempre faço para a nossa versão de certa forma, mas é ainda mais qualificável se apoiar neles como inspiração.”
Não que The Abominable Bride, ao contrário dos episódios anteriores da série triunfante da BBC1, seja baseado em um conto real de Sir Arthur Conan Doyle. Sua inspiração é um caso mencionado de passagem pelo Dr Watson no conto de 1893, A Aventura do Ritual Musgrave – um mistério que Holmes solucionou antes de conhecer Watson.
Cumberbatch afirma que ele não estava inicialmente convencido da ideia de Moffat e Gatiss de ter um episódio isolado transportando seu meticulosamente moderno detetive de volta à 1895. “Na verdade, eu disse, ‘Vocês estão loucos’, ” ele diz. “Eu realmente não entendia como eles iriam fazer isso. ”
“E depois eu tive mais detalhes e pensei, ‘Ok, isso vai ser muito divertido.’, E realmente é. É tão bom interpretá-lo em sua época. As coisas que são pedidas para mim na versão moderna, a sensação de que esse é claramente um homem um pouco fora de seu tempo…colocá-lo de volta na época em que ele foi escrito originalmente é simplesmente uma alegria. Eu senti que foi mais fácil.”
“E ainda tem as coisas que eu tentei impor na versão moderna, como sua estatura e fisicalidade – muito disso é feito [na versão Vitoriana] pelo vestuário, as golas, o deerstalker e a capa e o cachimbo e as coisas.”
Ah sim, o deerstalker, a capa e o cachimbo. Ele não se sentiu um pouco como um clichê ambulante quando munido dos acessórios icônicos do detetive? “E ainda assim eu não sinto como um clichê porque você funcionando com eles ao invés de estar citando-os, ” Cumberbatch diz. “Eles eram os itens de rigor da moda que só se tornaram icônicos por ele, mas eles são muito úteis. E pode haver uma lupa que pode ser um pouco maior do que a que eu costumo usar…”
Faz quase dois anos desde a última temporada de Sherlock, o episódio final terminando com um cliffhanger, com um vídeo do rosto de Jim Moriarty sendo transmitido por toda Londres, perguntando: “Sentiu minha falta?” O arqui-inimigo, interpretado por Andrew Scott, não aparece no especial Vitoriano, que será transmitido simultaneamente em cinemas no Reino Unido e ao redor do mundo (incluindo a China, onde Sherlock tem muitos seguidores). Uma nova temporada vai começar a ser filmada na primavera.
“Nós somos muito bons em fazer as pessoas esperarem – é o que nós fazemos,” satiriza Gatiss. “Civilizações inteiras cresceram e caíram entre temporadas de Sherlock.” Como eles estabeleceram Sherlock Holmes e John Watson tão brilhantemente no século 21, eu me perguntava por que Gatiss e Steven Moffat queriam agora colocá-los em ambiente Vitoriano?
“É chamado de ‘Aventura de Ter seu Bolo e Comê-lo’,” diz Gatiss. “Não, honestamente, era simplesmente muito irresistível ver Benedict e Martin [Freeman] e todos os outros na terra de Conan Doyle. Dado que é justo dizer que Benedict e Martin são o Holmes e Watson de seu tempo, não seria terrível você nunca os ter visto fazerem propriamente? Nós meio que brincamos com a ideia por um bom tempo; os únicos outros que fizeram tanto os de época quanto os modernos Holmes e Watson são Basil Rathbone e Nigel Bruce, que começaram Vitorianos mas eventualmente lutaram contra os nazistas nos anos 1940.”
Moffat acrescenta: Começou conosco vendo se poderíamos justificar fazendo uma versão de 10 minutos onde eles colocam os trajes para que pudéssemos vê-los fazendo isso. E pensamos em todas as piadas que podíamos fazer, e aí pensamos, ‘Na verdade não vamos fazemos isso, vamos fazer de verdade, não irônico’.”
“Mas ainda é nosso show, ainda é essencialmente Sherlock”, Gatiss diz. “Não se tornou de repente empoeirado e lento. Sabíamos que não queríamos fazer uma esquete do Comic Relief. Este é um gótico vitoriano puro-sangue.”
Para Freeman, uma de suas maiores objeções para o cenário vitoriano é o bigode espesso que ele tem que usar no lábio superior. “Vou tentar controlar isso na quarta temporada”, ele diz, “e não deixar Steven e Mark pensar que isso é uma coisa antiga agora, ou vou terminar como Robinson Crusoé.”
Assim como Cumberbatch, Freeman inicialmente também ficou resistente à ideia de um episódio vitoriano. “Mas aí originalmente fiquei resistente ao Sherlock porque era moderno”, ele revela. “Antes de ler os roteiros [da primeira temporada] pensei, ‘Hmmm, Sherlock Holmes moderno pode ser uma porcaria’. Por acaso ouvi Mark e Steven dizer umas duas vezes enquanto estávamos no set que, ‘Finalmente estamos fazendo isso corretamente, estamos fazendo a versão correta finalmente’. É legal ter algumas mudanças, eu acho.”
De fato, para aqueles que podiam estar esperando um Sherlock de roupagem moderna e negócios como sempre, Freeman tem isso a dizer: “Acredito em não dar às pessoas o que elas querem porque por que você deveria? Quer dizer, houve resistência quanto à terceira temporada entre fãs incondicionais [alguns acharam que ela tinha se tornado introspectiva demais e perdeu seu charme narrativo], mas dê uns dois meses a eles e eles assistem de novo. Isso penetra.”
Depois de três anos passados na Nova Zelândia interpretando Bilbo Bolseiro na trilogia O Hobbit, de Peter Jackson, assim como seis meses no Canadá filmando a primeira temporada de Fargo, Freeman está aproveitando um 2015 relativamente relaxado. FIlmar Sherlock Significa uma oportunidade para trabalhar com sua esposa, Amanda Abbington, que interpretou a esposa de John Watson, Mary Watson, desde o começo da terceira temporada. Ele está, no entanto, resignado ao custo de sua vida familiar de sua profissão.
“Não há como evitar isso”, Freeman diz. “Bom, há: eu poderia parar de atuar, e embora esteja em segundo lugar em importância a minha família, é um segundo lugar bem próximo porque eu estava atuando antes de conhecer a Amanda, e o fazia antes de me tornar pai.”
A próxima carga de trabalho de Freeman, 44 anos, inclui Funny Cow, estrelando Maxine Peake como uma comediante de stand-up tentando chegar longe no mundo macho dos clubes de trabalhadores do norte nos anos 1970 e 80, e se reunir com seu colega de Fargo Billy Bob Thornton (assim como interpretar o namorado escocês de Tina Fey) na comédia de guerra Fun House. Sempre haverá espaço para Sherlock?
“Todos nós sabemos que é um bom show, mas a verdade é que ficou mais e mais difícil de incluir”, Freeman diz. “Acho que farei, porém, enquanto todos nós estivermos livres e gostando disso. Eu sempre acreditei em fazer as coisas enquanto alguém quer fazê-las, e assim que você não quer fazer algo acho que deve parar. A não ser que seja casamento — e aí você deve trabalhar nisso…”
Cumberbatch, que fará 40 anos em julho, é compreensivelmente um dos atores mais ocupados por aí, atualmente filmando Jungle Book: Origins (ele interpreta Shere Khan), dirigido por Andy Serkies, antagonizando Christian Bale e Cate Blanchett.
Ele também está no papel título em Doutor Estranho, o próximo blockbuster da Marvel Comics e — após seu papel indicado ao Oscar como Alan Turing em O Jogo da Imitação, ele vai se preparar para interpretar Thomas Edison em The Current War (sem título em português), que conta a história de luta de Edson com George Westinghouse (interpretado por Jake Gyllenhaal) pelo controla do mercado da eletricidade nascente nos anos 1880. Com tanto acontecendo, o quão determinado ele está em continuar a tirar tempo para Sherlock?
“Bastante determinado”, Cumberbatch diz. “Ainda estou gostando de fazer isso. Vamos ver como a próxima temporada se sai, mas adoraria continuar envelhecendo com ele. Seria um experimento interessante de fazer. Martin começamos isso relativamente jovens comparados a outros Holmes e Watsons, então por que não?”
‘Sherlock: The Abominable Bride’ será exibido no BBC1 no Dia de Ano Novo e em cinemas selecionados pelo mundo.
Tradução: Juliana e Aline | Fonte