Benedict é capa da nova edição da revista espanhola DTLux. A revista traz fotos de um photoshoot inédito, porém o mesmo usado pela revista sul-coreana Arena Homme +, e realizado pela Marvel. Além disso vem com um artigo interessante feito por um dos editores da revista que procura analisar o faz as pessoas se identificarem com o Benedict Cumberbatch.
Confira o artigo traduzido e os scans abaixo:
Benedict Cumberbatch estranho?
É um dos rostos mais peculiares e uma das vozes mais sugestivas de nossas telas. Este Sherlock de carne e osso nos seduz com seu estilo britânico e em Doutor Estranho encarna um super herói da Marvel especialista em artes místicas.
Por: Rafael Vidal.
Não é um homem, mas muitos. E todos podem chegar a esse terreno amplo chamado masculinidade. Esta é, talvez, uma das lições que podemos extrair de Benedict Cumberbatch (Londres, 1976), o ator de rosto estranho (afiado, pálido), o ator de olhos que são verdes e azuis ao mesmo tempo, que está mudando a maneira de ser um homem no cinema e na televisão. Ele é a intersecção entre uma aparêbcia peculiar e um peculiar caráter: esta fleuma britânica, esta demonstração de emoção acanhada (certamente, uma projeção de seus personagens a seu corpo de ator), essa discreção sobre a sua vida privada. E acima de tudo, o humor absurdo que caracteriza os britânicos, mostrado sem excesso, apenas quando a ocasião merece. Por exemplo, arruinando uma foto do U2 no tapete vermelho do Oscar, ou uma selfie de Meryl Streep com uma militar norte-coreana. São seus famosos photobomb, onde se irrompe ao fundo batendo seus braços como um desenho animado.
Se há um sinônimo de britânico, ele se chama Benedict Cumberbatch. Porque cumpre todas as expectativas que alguém tem de um ator da Grã Bretanha. Vem de uma família da alta sociedade (seu bisavô foi cônsul general na Turquia, seu avô foi condecorado nas guerras mundiais e seus pais eram atores). E tem se apresentado nos palcos com obras de Shakespeare (como não o faria?). Além disso, tem interpretado algumas das mentes mais brilhantes e extravagantes do país, sejam reais ou fictícias: Stephen Hawking no filme para a TV “A História de Stephen Hawking” (2004), o matemático Alan Turing em “O Jogo da Imitação” (2014) e o mais prestigiado e hábil entre os detetives privados, Sherlock Holmes, na série da BBC que, desde 2010, tem cultivado metade do planeta. Um personagem que parecia esgotado por saturação e que ele conseguiu fornecer um carisma único, grande parte por sua voz profunda, sugestiva. E camaleônica, pois se camufla com as de outros atores dos quais é capaz de imitar: Jack Nicholson, Michael Caine, Alan Rickman, o Chewbacca de Star Wars. Por tanto deu a voz para filmes de animação, videogames e audio-livros (imagina ler as histórias de Sherlock Holmes com sua voz).
Cada masculinidade dominante cria suas masculinidades alternativas e Benedict entra em posto de honra neste jogo de relações. Usaremos um exemplo anterior: nos anos 80, contra os músculos de Arnold Schwarzenegger, nasceu a figura marginal geek. E hoje, no século XXI, contra o poder de super-herói, deste traje feito de músculo, está a clarividência de Sherlock Holmes. E, depois dele, obviamente, os dotes interpretativos de Cumberbatch. Este ator é um sintoma de uma época: se um super-herói é o ideal de um homem impossível de alcançar, Sherlock (e Benedict depois dele) se destaca, acima do fracasso, em um modelo alternativo a quem aspirar. Nele, o gênio predomina sobre a força, a mente sobre a aparência, a calma sobre a impaciência. E é alguém que mantém uma distância emocional diante das coisas: o profissional e o pessoal andam por trilhas paralelas, sem chegar a se cruzar. Se há espectadores que foram seduzidos pelo pensamento analítico de Sherlock Holmes e pela personalidade de Cumberbatch, é porque se identificam com eles. Há, aqui, uma entrega de outro tipo de masculinidade: uma muito ligada, em parte, à herança do galã britânico (Hugo Grant, por exemplo), mas também impulsiva em outras formas de ser. Alguém que tem uma aparência excêntrica e uma grande rapidez mental, que veste a elegância pela bandeira e que, acima de tudo, nunca desiste de seu senso de humor.
Certamente, o maior êxito de Benedict Cumberbatch poderia ser que, apesar de (e graças a) sua excentricidade, tem conseguido que a gente queira ser como ele. E, por ele, é seu rosto que encarna alguns dos personagens mais extraordinários do território, primeiro do cinema britânico, agora também de Hollywood. Entre eles, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, da cinebiografia “O Quinto Poder” (2013) dirigida por Bill Condon. E em “Doutor Estranho” (2016) se transforma em Stephen Strange, um prestigiado neurocirurgião que, após um acidente, perde a habilidade de suas mãos para operar. E então decide visitar um mago tibetano para aprender artes místicias, e se transforma no Doutor Estranho, um dos super-heróis mais bizarros da Marvel. Embora não é preciso muita caracterização: estranho (e maravilhoso) já é este ator antes de ser um de seus personagens.
JÁ VISTO EM:
A História de Stephen Hawking (2004)
Antes de Eddie Redmayne ganhar o Oscar de Melhor Ator por interpretar Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo”, Benedict já o interpretou em um filme de TV que lhe fez uma celebridade entre o público britânico.Sherlock (2010)
Porem a sua fama pulou das fronteiras britânicas quando interpretou o detetive mais famoso de todos os tempos, Sherlock Holmes, na série da BBC que adapta o universo de Conan Doyle para o século XXI.O Jogo da Imitação (2014)
Sua interpretação como o matemático britânico Alan Turing, que descifrou códigos nazistas e foi julgado por sua homossexualidade, lhe deu o seu primeiro reconhecimento em Hollywood ao ser indicado ao Oscar de Melhor Ator.
E AGORA EM…Doutor Estranho
Stephen Estranho é um neurocirurgião egocêntrico e ganancioso que sofre um súbito acidente que deixa suas mãos inabilitadas para o trabalho, por uma doença nervosa. Doutor Estranho é o resultado da viagem que Stephen faz ao Tibete, em busca de um maestro que lhe ensina a controlar as artes místicas. Benedict Cumberbatch é a soma de ambos, com seus poderos mágicos, combaterá os vilões sobrenaturais mais perigosos nesta adaptação da Marvel dirigida por Scott Derrickson, que também tem Rachel McAdams e Tilda Swinton.
Fonte e créditos | Tradução: Bru.