A edição de agosto da revista Total Film traz uma entrevista inédita do Benedict, feita há alguns meses. Ele fala sobre A Batalha das Correntes, Vingadores, projetos antigos, projetos futuros e muito mais.
Como ela deve ter sido fechada antes da SDCC 2019, ela fala que Doutor Estranho ainda não tem sequência confirmada. Mas Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura (tradução literal) foi anunciada oficialmente no painel da Marvel no evento e tem lançamento marcado para o dia 7 de maio de 2021!
Dito isso, confiram abaixo os scans e a tradução:
BENEDICT CUMBERBATCH
Esteja ele interpretando um mestre das artes místicas no Universo Cinematográfico Marvel ou Julian Assange em O Quinto Poder, Benedict Cumberbatch não é estranho para paeis que o desafiam e testam seus limites.
Por Adam Tanswell
A Total Film encontrou-se com o ator inglês para relembrar sua história no cinema – e conversar sobre seu papel eletrizante como o inventor Thomas Edison em A Batalha das Correntes.
Quando Benedict Cumberbatch se senta para convesar com a Total Film no Four Seasons Hotel em Beverly Hills, ele imediatamente pede desculpas. “Perdoe-me”, ele lamenta. “Estou com uma ressaca enorme, enorme. Não é com frequência que você tem a chance de lançar um filme tão grande quanto Vingadores. Só queria avisá-lo, para o caso de eu parecer incoerente”.
Cumberbatch está longe de ser incoerente, é claro. Apesar de sua ressaca, o ator educado em Harrow nunca divaga ao falar. Sua linguagem é erudita e intelectual. Suas respostas são bem pensadas e prosaicas. E uma noite de celebrações épicas com seus colaboradores famosos de outro filme dos Vingadores não o impedirá de falar com a imprensa na manhã seguinte. Sendo agora um jogador importante no Universo Cinematográfico Marvel no papel de Doutor Estranho, o monstruoso blockbuster Vingadores: Ultimato traz a quarta aparição do Mago Supremo (incluindo uma participação em Thor: Ragnarok) e há rumores sobre uma sequência de Doutor Estranho.
Mas o foco não está só na tela grande para Cumberbatch, quem constantemente transita entre projetos de TV e de cinema.
“Eu acho que muitas estrelas de cinema estão fazendo ou já fizeram grandes trabalhos na televisão”, ele explica. “Apenas olhe para Nicole Kidman e Reese Witherspoon em Big Little Lies. De certa forma, há uma intimidade em relação à televisão que eu amo, apesar de também amar os palcos ostentosos que são os personagens icônicos em filmes enormes como Vingadores. Eu sei que sou muito, muito, muito sortudo por ter a chance de explorar essas áreas diferentes”.
Vestindo uma camisa azul e um paletó escuro, Cumberbatch não parece estar de ressaca. Ele toma um gole de chá quente antes de continuar. “Pra mim, atuar nunca foi uma questão de status. Eu consegui alguns papéis muito icônicos, o que deu status para o que eu faço, mas eu não estou interessado em fazer coisas só por fazê-las”.
Desde 2017, Benedict Timothy Carlton Cumberbatch CBE envolveu-se em quatro projetos televisivos (The Child in Time, Patrick Melrose, Brexit e Good Omens), ao lado de seis lançamentos cinematográficos (seus trabalhos no MCU mais O Grinch, Mogli: Entre Dois Mundos e o iminente A Batalha das Correntes). E está claro que ele não tem planos de focar em nenhum dos dois formatos no futuro.
Cumberbatch brilha ao falar de seu lançamento mais recente, A Batalha das Correntes, especialmente ao falar de seus colegas Michael Shannon e Nicholas Hoult. “Eu fiquei muito animado quando soube que esses dois haviam sido escalados para o filme”, ele admite. “Eu acho que o Michael é um dos maiores atores de peso da atualidade. Ele é o que há de melhor. E eu também estava muito animado para trabalhar com o Nick. Não demorava para eu sentir vontade de rir, porque ele é muito, muito engraçado. Eu me diverti muito trabalhando com esses dois”.
A Batalha das Correntes é um drama de época sobre a guerra entre Thomas Edison (interpretado por Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon) na corrida para iluminar os Estados Unidos – e o mundo – no século 19, por meio do controle sobre como a eletricidade modelaria o futuro. Uma data de lançamento foi assegurada inicialmente em 2017, mas o filme da Weinstein foi temporariamente engavetado após o escândalo em torno dos abusos sexuais abalarem Hollywood. Após a Entertainment Films obter os direitos no Reino Unido, A Batalha das Correntes está chegando aos cinemas, finalmente.
Você abordou vários personagens históricos e biográficos, incluindo Alan Turing em O Jogo da Imitação e agora Thomas Edison em A Batalha das Correntes. Você é mais atraído por figuras reais do que por papéis fictícios?
Eu não sabia muito sobre o Edison quando me comprometi a fazer esse papel, então isso não foi o atrativo pra mim. O atrativo foi o roteiro e o dilema humano que eu vi na obra, não a ideia de interpretar uma figura cultural titânica. Fazer isso pode ser assustador. Se as pessoas têm expectativas detalhadas ou um posicionamento forte em relação a um personagem, eu acho que aí você pode ter dificuldades, mas isso também acontece na ficção. Eu interpretei vários personagens fictícios – seja no mundo dos quadrinhos, ou em Sherlock, ou no que quer que seja – e você está andando em solo sagrado para muitos fãs que já estavam lá muito antes de você começar a se intrometer no material. Nesse sentido, você não pode ter inibições. Você respeita isso, mas precisa se levar ao trabalho, ao invés da ideia preconcebida que todas as outras pessoas têm de como ele deveria ser.
Que pesquisa você fez para o papel de Thomas Edison?
Eu li vários livros e biografias do Edison. E, quanto mais eu lia, mais eu me dava conta de que há uma recepção muito variada, assim como uma compreensão muito variada e uma apreciação do homem. Muito do que ele conseguiu em sua vida foi um desenvolvimento de ideias de outras pessoas, bem como de suas próprias ideias originais e únicas. Por exemplo, eu achava que ele tinha inventado a lâmpada e não sabia que ela era o desenvolvimento das ideias de outra pessoa. Fui descobrindo muitas coisas com o tempo, porque eu realmente estava no escuro – sem querer fazer trocadilho – no começo.
Algum livro em particular lhe ajudou a construir o personagem?
Eu encontrei um trecho de um diário dos anos mais avançados da vida do Edison, o que ajudou bastante. Eu acho que não está em publicação no momento, mas a produção encontrou uma cópia – e ele iluminou uma essência muito humana desse homem. Edison falava muito francamente sobre seus sonhos. Ele era muito engraçado e muito autodepreciativo. Ele falava muito sobre sua dieta e suas idas ao banheiro ou a falta delas. Ele falava sobre seu grande amor pela literatura e o que ele estava comprando. São essas chavezinhas que ajudam muito. Na nossa história, nós tentamos olhar além do Edison que se apresentou com P.T Barnum, apesar de haverem alguns momentos assim no filme. Queremos explorar o homem privado e quais foram as maquinações dele, e quais foram os fracassos também; e a negligência da família, meio que causada por sua obsessão.
Pode-se argumentar que Edison foi um malandro que roubou as invenções de outras pessoas, mas ainda assim sua interpretação do personagem é muito simpática. Como você encontrou o equilíbrio?
Se você está interpretando alguém, eu acho que julgar seu caráter é fatal. Você precisa encarnar um personagem com certo grau de compreensão ou empatia ou simpatia; como quer que você queira chamar. E, para conseguir isso, a questão não é se diminuir. Não é uma questão de manchetes jornalísticas, ou de verdade absoluta contra ficção – ou de bom versus mau. É muito mais complexo do que isso. O que vemos é um homem de origens simples que conseguiu muita coisa, que se sente atacado no mundo. Eu não acho que esse sentimento o tenha deixado. Eu não sei aonde sua necessidade de ser bem-sucedido, de ganhar e ter controle começou – mas é uma verdade feia e que ainda assim é formada de uma coisa muito humana. Eu acho que há certo grau de salvação, no sentido de que ele admite que estava errado e ele sabe que estava errado, mas aí então prosseguiu retendo o controle de várias patentes de certas invenções. Ele queria manter a cerca muito alta. Ele queria manter as pessoas longe do seu jardim inventivo, por assim dizer, ao invés de trabalhar juntos, como George Westinghouse [interpretado por Michael Shannon] propõe. “Por que não trabalhamos juntos e termos um jardim maior?” É isso que Westinghouse propõe. Eu acho que esse é o melhor jeito, claro – mas quem sabe? Não estávamos lá.
A fama afetou o Edison?
Foi muito interessante examinar as noções de fama e como ela pode envenenar a integridade. Foi muito interessante examinar como você pode perder o ideal nas maquinações da inveja e outras emoções que são muito, muito humanas – e apesar dos seus melhores instintos de não fazê-lo. Essas parecem falhas bem humanas, então eu ainda tenho bastante simpatia por ele, ainda que ele não tenha lidado com isso do jeito certo. Você consegue ver como ele fez essas escolhas erradas, se elas são erradas. Eu deixo para que outras pessoas julguem os personagens que eu interpreto. Eu acho muito difícil não ser defensivo. Eu não estou tentando polir alguma coisa aqui. Eu não estou tentando fazer uma coisa ser mais legal do que deveria ser. Mas, para examinar um personagem completamente, você não consegue não ter um pouco de amor por essas pessoas, por mais erradas que suas ações acabem sendo.
Como você lida com a fama?
Quais são meus próprios problemas de ego e vaidade? É estranho. Eu sinto que a vaidade nasce da insegurança. Quando você é exposto demais para o mundo, quando você tem fotos de você mesmo tiradas o tempo todo, não é normal. Você tem um novo nível de autoconsciência. Mas eu me cerco de amigos e família que me conhecem há muito mais tempo do que essas coisas extraordinárias que estão acontecendo agora, então eles mantêm mes pés no chão. Tudo que eu faço é tentar separar tempo o suficiente para passar com elas, para ter um ambiente normal. Eu acho que estou fazendo isso.
Você sempre quis ser um ator?
Basicamente, sim, apesar de eu ter querido ser defensor público durante um ano. Foi quando eu era adolescente e estava prestes a escolher meus A-levels, então foi um bom momento para decidir minha carreira. Mas aí conheci uma quantidade absurda de pessoas que me fizeram desistir. Eu conheci uma quantidade absurda de advogados em treinamento que falaram “Se você tem outro sonho que você queira realizar, escolha a outra opção”. A quantidade de esforço que eu teria e a quantidade de rejeição e a porcentagem de empregos; todas as coisas que são as excentricidades de ser um ator se aplicam a ser um defensor público, também. Só me fizeram pensar “Estou numa posição muito afortunada onde eu posso tentar correr atrás do meu maior sonho e ver se dá certo”. Então foi isso que escolhi.
Ambos os seus pais são atores de sucesso. O quanto eles o influenciaram a seguir uma carreira na indústria?
Minha mãe e meu pai não queriam que eu chegasse perto dela. A realidade é essa: Eu cresci com dois atores, então eu conheço todos os altos e baixos da atuação. E, por causa disso, eles queriam me persuadir e me dar uma educação onde eu pudesse escolher ser qualquer coisa, menos ator. Não porque eles achavam que fosse uma desonra, mas porque eles achavam que queriam uma coisa melhor para seu filho – e eles sabiam quais eram as armadilhas. No entanto, eu peguei essa educação e joguei na cara deles! [risos]. Não, eles estão muito felizes pela forma com que as coisas acabaram acontecendo pra mim. Eu vivo para dar orgulho a eles.
Quais são suas primeiras memórias de ver seus pais trabalhando?
Eu me lembro de estar parado ao lado de um palco e ver minha mãe chegar lá. Eu conseguia ver toda a luz e as risadas, e eu conseguia sentir o calor vindo de todo mundo que estava se divertindo demais assistindo à comédia em que ela estava atuando. Foi fascinante. Foi como sair de um armário e pisar em Nárnia. Foi surreal. Eu amei.
Quais são suas primeiras memórias relacionadas ao cinema?
Eu não me lembro do primeiro filme que eu vi. Eu realmente não me lembro. Sinto muito. Eu me lembro de ver meu primeiro filme do Bond, que foi o Contra Octopussy. Eu me lembro disso claramente, por causa do avião de asas dobráveis. Não foi meu primeiro filme, mas é uma das minhas primeiras memórias relacionadas ao cinema. Eu também me lembro de assistir ao E.T. e me lembro de ir ver Greystoke: A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva e ficar muito traumatizado. Eu acho que eu era novo demais pra ele, então depois meus pais tiveram que me colocar na terapia. Ele realmente me transtornou.
Um de seus papéis recentes está em Vingadores: Ultimato. O que você achou do segredo intenso em torno dos roteiros?
Foi intenso, definitivamente. Eu nunca fui cutucado como uma vaca, mas a sensação era a de que alguém viria correndo muito rápido do outro lado da sala para me dar um choque com uma dose bovina de eletricidade se eu falasse qualquer coisa relacionada a alguns dos detalhes que importam.
Havia tantos atores incríveis no set de Ultimato. Chega a parecer uma competição?
Eu nunca senti que estávamos competindo no set. Pra ser sincero, eu nunca sinto que estou competindo com os meus colegas. Eu fico muito incomodado perto de pessoas que se sentem assim. E é uma coisa muito, muito rara, na minha experiência. No set de Vingadores, é uma família. É excitante fazer parte dela.
Durante as filmagens de Vingadores: Ultimato, a Marvel tirou uma foto épica das principais estrelas do MCU para celebrar seu 10º aniversário. Essa experiência pareceu uma reunião para tirar uma enorme foto de família?
É claro. Foi como uma reunião de família onde há uns primos num canto e você pensa “Porra, eu não sei quem você é! Quero dizer, eu tive uma conversa com você!”. Mas eles são todos amigos. Alguns eu conheço muito bem, seja porque passei muito tempo com eles no set – como Robert Downey Jr. e Tom Holland – e outros eu acabei de conhecer na turnê de divulgação. Eu conheci o Sebastian Stan há muito tempo quando ele estava filmando o primeiro Capitão América em Londres. Eu também conhecia a Scarlett Johansson por causa de trabalho. O legal naquele dia foi a chance de expandir o círculo.
Como foi fazer parte daquela comemoração do 10° aniversário?
Foi incrível. Também foi muito emocionante, não só ser 10 anos das vidas de pessoas que colocaram nestes filmes. Houve alguns riscos muito, muito altos, mas melhoraram sua produção com cada filme. Existe uma razão maravilhosa para isso: Kevin Feige. Ele é um chefe de estúdio magistral porque é um fã e tem uma crença verdadeira no produto que ele está fazendo. Ele protege isso como uma continuidade que liga todos os filmes – mas ao mesmo tempo, muda sua experiência quando você assiste a todos esse filmes. Ele expande o suficiente para te levar a uma jornada louca em Thor e depois te leva em uma jornada completamente diferente com Pantera Negra – e depois nesta tela de pintura enorme dos filmes dos Vingadores. Acho que ele é ótimo. Ele é o líder mais extraordinário que se poderia esperar.
Olhando para o MCU, como você descreveria seu primeiro dia no set de Vingadores: Guerra Infinita?
No meu primeiro dia de trabalho, foi muito lisonjeiro olhar em volta e ver dois ícones: Robert Downey Jr. e o Homem de Ferro. Robert é um ser humano extraordinário, então foi definitivamente estressante ficar lá. No entanto, tudo se torna rapidamente normalizado pelo fato de que você está em um set tentando resolver os problemas do dia de trabalho juntos como colegas. Ele é muito engajado e aberto com isso. Eu adoro o cara. Ele é um grande improvisador, também. Ele é um ótimo protagonista que te coloca para dentro. Te faz sentir confortável em ficar cavanhaque a cavanhaque com este narcisista egoísta que esteve aí por 10 anos, para que você não fique tremendo nas suas botas inglesas. Ao invés disso, você pensa, “Certo, eu tenho que fazer isso, Strange vai ficar cara-a-cara com Stark e vai funcionar”.
Você menciona que Robert Downey Jr. É um improvisador expert. Houve muito espaço para improviso quando você estava trabalhando no set de Sherlock com Martin Freeman?
Não, não havia muito espaço para improviso lá. Sempre dizíamos, “Eu gostaria de tentar isto ou aquilo”. Mas isso era sobre minúcias e não improviso. Nós assinamos para um show com roteiros gloriosamente escritos e foi um regalo lê-los, então você não quer bagunçar com isso.
Você mergulhou na comédia com um papel de voz em O Grinch em 2018. Como você descreveria essa experiência?
Eu pulei na chance de dublar o Grinch quando me foi oferecida. É um personagem tão icônico e eu amo o universo Seussiano. Não era um na lista de desejos, mas fiquei impressionado com o fato de acharem que eu era adequado para interpretar o personagem. Não achei que o Grinch era inglês, mas assim que resolvemos isso e eu li esta nova ‘imaginação’ do conto clássico, estava completamente a bordo. Eu estava dentro, anzol, linha e chumbo.
O que você achou do processo de gravação de cabine?
Trabalho de voz é muito libertador. Há uma pausa de dois meses entre cada sessão, então houve muitas sessões de quatro a seis horas por dois anos. Nesse sentido, eu fui e voltei enquanto fazia Patrick Melrose, Doutor Estranho e muitos outros projetos, como Brexit. É uma ótima maneira de trabalhar desse ponto de vista porque você pode marcar muitos outros projetos em volta dele. Com trabalho de voz, você está muito estático em um microfone. Talvez você tenha algumas rendições artísticas de para onde a animação vai, mas é muito raro de imaginar e você não atua com nenhum outro ator. Para O Grinch, o trabalho solo foi muito útil. Foi muito divertido, mas é um pouco diferente do trabalho de captura de movimento. Com mo-cap, você ainda está imaginando muito mas se move por um palco.
Você brincou com captura de movimento como o dragão Smaug nos filmes O Hobbit com Peter Jackson. O que você achou desse processo?
Foi muito divertido porque você está completamente livre para se fazer de bobo e se perder em sua imaginação. Para os outros atores foi muito mais difícil do que para mim. Estavam trabalhando de figurino em um fundo de tela verde, atuando com bolas de pingue-pongue e marcas de fita e fingindo que essa era a realidade deles – e tendo que levar em conta movimentos de câmera, também. Eu estava me jogando em um chão acarpetado como um lunático.
Você também encarou trabalho de tela verde em Doutor Estranho e nos filmes dos Vingadores. Como um ator treinado classicamente se sente quanto a competir com efeitos especiais?
Provavelmente me sinto o mesmo que Tom Hiddleston ou Eddie Redmayne, ou a geração mais velha, como Anthony Hopkins, Ian McKellen e Patrick Stewart. Eu não sou o primeiro. Para ser sincero, existem muitos cenários do mundo real nos filmes da Marvel. A cena em Hong Kong no final de Doutor Estranho foi real. Alguns dos sets criados são épicos. Você pode girar uma câmera em 360 graus e onde quer que pare, você pode usar esse quadro no filme final.
Como é trabalhar em uma cena de tela verde ambiciosa?
Quando você está gravando em uma sala que é azul ou verde do chão ao teto, é desorientador e seu senso de perspectiva é detonado a não ser que você consiga ver uma figura. Se está sozinho, muitas vezes é confuso. Mas tudo é fumaça e espelhos. Tudo que nós fazemos como atores é ilusão. Estamos sempre empregando circunstâncias imaginárias e estamos sempre tentando suspender nossa crença e se comprometer de brincadeira a algo que não é real. Acho que isso se eleva em um filme como Doutor Estranho. É surpreendente. De muitas maneiras, você percebe que ainda é o marionetista ao invés de marionete e o que você faz afeta o que os artistas de efeitos especiais depois fazem ao seu redor. Neste sentido, é um processo muito criativo e colaborativo. Não se trata só de correr em spandex com refletores ligados e perder seu senso de qual é o seu ofício como ator. É um novo conjunto de habilidades para aprender, mas é muito, muito engajador e é muito criativo.
Você esculpiu uma carreira estelar como um ator dramático. Você já buscou um papel mais leve para vivenciar uma mudança de ritmo?
A única vez na minha carreira em que busquei um papel pela necessidade de fazer alguma coisa mais leve foi depois de interpretar o marido de Hedda Gabler [na peça Hedda Gabbler] e ver a esposa do meu personagem estourar os mioços toda noite por seis meses. Ver isso no palco foi um pouco deprimente no fim, então decidi tentar um personagem chamado Patrick Watts no filme Garoto Nota 10. Eu me lembro do [co-astro] James McAvoy dizer, “Você vai mesmo tentar esse papel, não vai?” E eu disse, “Sim, você também tentaria se estivesse preso em um melodrama norueguês por seis meses”.
Garoto Nota 10 foi um dos seus primeiros papeis em filmes. Como você descreveria a experiência?
Eu absolutamente adorei. Adorei fazer algo mais leve. Adorei flexionar um músculo diferente, mas foi a única vez que eu realmente cacei algo para uma mudança de cena. As pessoas muitas vezes dizem, “Oh, você deveria fazer mais comédia.” Bom, eu acho que faço muitas coisas que têm forças cômicas. Por exemplo, Patrick Melrose não é muito pobre no departamento da comédia. É bem engraçado, mas não é comédia absoluta. Também fiz uma comédia de rádio chamada Cabin Pressure que também foi muito divertida, então eu misturo. Eu adoraria fazer uma comédia completa em algum ponto. Talvez uma comédia mais solta ou uma comédia romântica? Fique de olho.
Tirando comédias, quais outros gêneros você gostaria de encarar?
Eu não fiz um musical ou um filme de terror a esta altura, mas não vou jogar a bomba de um projeto ou personagem específico que eu gostaria de fazer porque estou gostando de construir projetos do zero ao invés de pescar um papel ou direção em particular.
Por que terror e musicais?
Bem, esses são só dois gêneros que não fiz, então são duas coceira que gostaria de coçar. É simples assim. No entanto, minhas apetites muitas vezes são criadas por coisas diferentes. Eu não penso sempre em gêneros. No momento, estou mais interessado em com quem trabalho mais do que qualquer coisa. Para mim, se trata de diretores. Eu tenho um desejo de trabalhar com o diretor Paul Thomas Anderson. Estou colocando isso. Eu adoraria trabalhar com ele.
CINCO TRABALHOS QUE FIZERAM DELE UMA ESTRELA
Desejo e Reparação 2007
Como o predatório Paul Marshall, Cumberbatch incute um britânico aparentemente honesto com um núcleo interno de maldade. Ele foi tão bom, que chamou a atenção de Steven Moffat, que estava procurando alguém para interpretar certo detetive londrino.
Sherlock 2010-2017
O papel que o colocou no mapa. Cumberbatch traz Holmes para os dias atuais com um estrondo como um solvedor de crimes astuto cuja inteligência incomparável só compete com sua própria peculiaridade.
O Hobbit: A Desolação de Smaug 2013
Num aparente aceno àqueles que elogiavam suas performances vigorosas, Cumberbatch fez a captura de movimento do maior dos vertebrados, dando vida incandescente ao dragão Smaug.
O Jogo da Imitação 2014
Também conhecido como aquele que o garantiu sua primeira indicação ao Oscar. Cumberbarch traz uma humanidade discreta para o trágico herói de guerra Alan Turing – ele mal conseguiu atuar as últimas cenas do filme por causa das lágrimas.
Doutor Estranho 2016
É fácil ver por que a Marvel escolheu Cumberbatch para a adaptação de sua história de super-herói mais peculiar até agora. A sequência ainda precisa ser anunciada, mas a popularidade de Strange aumentou com Guerra Infinita e Ultimato.
BENEDICT CUMBERBATCH EM NÚMEROS
1 – Número de indicações ao Oscar recebidos (Melhor Ator por O Jogo da Imitação).
US$ 3,6 bilhões – total de arrecadação na bilheteria americana por seus filmes.
15 – Número de episódios de [i]Sherlock em que estrelou.
78 – Número total de créditos de atuação até hoje.
1 – Crédito de trilha sonora de filme para a canção “Can’t Keep It Inside” de Álbum de Família.
FÃ-CLUBE DO BENEDICT CUMBERBATCH
“Benedict é um dos melhores atores que eu já vi, quiçá com quem trabalhei. Ele é um camaleão total que pode fazer qualquer coisa. E faz tudo parecer tão fácil”. – J.J. Abrams
“Eu me apaixonei quando conheci Benedict. Todo mundo se apaixona. Ele é tão querido”. – Meryl Streep
“Trabalhar com Benedict Cumberbatch tem sido um sonho meu desde que o vi pela primeira vez na tela. Ele é fenomenal”. – Tom Holland
Tradução: Gi e Aline
Também adicionamos à galeria uma página da edição de 23 de julho do jornal britânico The Times, que traz um trecho desta entrevista, mais especificamente o da anedota sobre o trabalho em Hedda Gabbler:
A Batalha das Correntes tem lançamento confirmado no Brasil, porém em data a ser anunciada.