Benedict é uma das capas da edição de novembro da revista americana Interview. A ideia da publicação é trazer entrevistas feitas entre amigos e desta vez não foi diferente: Benedict foi entrevistado por Thom Yorke, o cantor-compositor vocalista da banda inglesa Radiohead. Confira abaixo as fotos do ensaio fotográfico pela revista e a tradução da entrevista na íntegra:
Parece que muito mais do que sete anos se passaram desde que Benedict Cumberbatch vestiu pela primeira vez o deerstalker de Sherlock Holmes, o detetive alarmantemente incisivo e ao mesmo tempo socialmente inepto na série da BBC que catapultou sua carreira em Hollywood. Isso é porque, no tempo que seguiu, o ator nascido em Londres graduou de obsessão de fangirls para superestrela de franquias, simultaneamente aparecendo numa sucessão de projetos de prestígio no teatro, no cinema e na televisão. Sua mistura de densidade e humildade funciona excepcionalmente bem em mundos fantásticos: como Khan em Além da Escuridão: Star Trek (2013); como o dragão Smaug e o Necromante na saga O Hobbit (2012,2013,2014); e como Dr. Stephen Strange no Doutor Estranho da Marvel (2016), um papel ao qual ele retornará no Vingadores: Guerra Infinita do ano que vem. De volta ao planeta Terra, Cumberbatch tem um jeito para habitar as mentes dos gênios, representando de forma empática o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, em O Quinto Poder em 2013; Alan Turing em O Jogo da Imitação no ano seguinte (pelo qual ele recebeu indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar); e, mais recentemente, Thomas Edison em A Batalha das Correntes, que chega aos cinemas no ano que vem.
Agora com 41 anos, Cumberbatch é considerado um dos atores mais bem-sucedidos e ambiciosos de sua geração. Sugerir que ele tem um lado sério não seria nenhum exagero, mas, como seu amigo, o lendário Thom Yorke da Radiohead está determinado a provar, todos os homens – independente do quão focados eles sejam – contêm muitas facetas.
THOM YORKE: Eu não tenho qualquer cronologia no que diz respeito às minhas perguntas. Minha abordagem é um pouco mais aleatória, um pouco mais Just Seventeen [uma revista britânica voltada para adolescentes que saiu de circulação]. Na verdade, eu quero começar com o ano em que você lecionou num monastério em Darjeeling quando você tinha 19 anos. Como foi essa experiência?
BENEDICT CUMBERBATCH: Foi numa comunidade tibetana exilada, nos arredores de Darjeeling, na fronteira.Era uma cidade que ficava bem no alto. Eu fui um dos cinco professores que fizeram um curso de treinamento. Foi extraordinário, mas foi uma experiência bem isolada.
YORKE: Por quanto tempo você ficou lá?
CUMBERBATCH: Durou cinco meses. Eu passei metade do ano trabalhando em empregos estranhos para arrecadar fundos para fazer a viagem e pagar o curso.Você não é pago para lecionar; você é pago em experiência.Você é rodeado pelos monges e suas vidas. Era um monastério pequeno, e o templo ficava no último andar. Eu estava vivendo no primeiro andar, que era bem úmido e tinha aranhas enormes. Acho que foi bem no final da temporada de chuvas; Não consigo lembrar, mas fazia frio. E, porque era tão no alto, você podia abrir sua janela, e as nuvens pareciam gelo seco rolando por sua mesa. A natureza estava sempre presente; isso era lindo de uma forma chocante, assim como eram o espírito e a natureza e a filosofia e o estilo de vida desses monges.
YORKE: Parece que você absorveu muito disso, só por ter estado lá. Não era necessário estudar essas coisas.
CUMBERBATCH: Exatamente, isso simplesmente foi sendo absorvido gradualmente. As personalidades dos monges falavam mais alto do que qualquer lição.
YORKE: Essa é a melhor maneira de ensinar, né?
CUMBERBATCH: É mesmo. No final, eu estava curioso para saber que diabos eles estavam cantando, por que eles estavam fazendo o que estavam fazendo e como eu mesmo poderia fazê-lo. Eu ficava tipo “como eu vou mais a fundo neste mundo?”. Depois do curso, eu fiz um retiro de duas semanas com um dos outros professores.
YORKE: Você tava com 19 anos e estava se matriculando para ficar sentado numa almofada por quantas horas por dia?
CUMBERBATCH: Muitas. E só dormindo por mais ou menos umas quatro. E comendo, tipo, mingau, e talvez um pouco de ensopado. Essa parte do retiro foi intensa. Nós estávamos com os monges – meu Deus, que disciplina que eles tinham. Foi revelador. Há essas histórias e parábolas e ferramentas com os quais canalizar seu foco e meditação e prática, e começar o caminho para o esclarecimento. Era um pouco parecido com um culto; teve algumas olhadelas nervosas entre nós ocidentais. A pessoa que estava nos monitorando viu que nós estávamos realmente compromissados, e ele também viu que simplesmente era muito para nós. Nossas mentes ocupadas tiverem que ser realmente reprimidas. Mas foi a oportunidade de começar alguma coisa. Sou tão grato por ter tido essa experiência.
YORKE: É surpreendente para mim que jovens de 19 anos tenham se matriculado para esse tipo de coisa. Se eu tivesse feito isso nessa idade, eu provavelmente teria fugido e encontrado alguma coisa para beber ou fumar. De certa forma, tenho inveja por você ter tido essa experiência nessa idade, porque presumivelmente ela o colocou num estilo de vida diferente.
CUMBERBATCH: Foi uma coisa e tanto. Eu realmente não consigo superar a generosidade do nosso professor. Ele disse ”Não se puna. Você vai ser um estudante numa universidade no norte da Inglaterra. Você precisa ter suas experiências e se divertir, não ficar se julgando. Não viva com culpa e remorso”.
YORKE: O que eu teria dado para alguém me dizer isso quando eu tinha 19 anos [risos].
CUMBERBATCH: Como foram suas experiência nessa idade? Você estava procurando alguma coisa?
YORKE: Eu parei a escola por um ano, basicamente fazendo trabalhos ruins, ganhando dinheiro suficiente para gravar demos e enviar demos. E então isso me entendiou e eu fui para a faculdade de artes, e tive uma trajetória completamente diferente. Eu pirei com a faculdade de artes, porque eu tive a experiência de estar com pessoas criativas pela primeira vez e sentindo que eu estava no lugar certo. Mas a ambição e a obsessão acabaram se tornaram debilitantes, e ter uma pessoa, naquela época, me acalmando e cuidando do meu outro lado poderia ter ajudado.
CUMBERBATCH: Sim, mas depois disso eu fui na direção completamente oposta, e não como um tipo claro de rebelião. Eu meio que me tornei um festeiro. Eu sofri um baque enorme. Minha saúde sofreu com isso. Eu estava passando dos limites. Essa pessoa não poderia estar mais distante da que emergiu daquela experiência anterior. Eu regredi enormemente.
YORKE: Eu estava curioso para saber se você já parou por um longo período e saiu da sua trajetória. Você já sentiu vontade de parar e sair do trem? A razão para eu perguntar isso é que, enquanto eu seguia me trajetória, eu nunca realmente vi um jeito de sair dela. Nunca tinha pensado nisso até que um dia eu não estava mais no meu corpo. Eu desmoronei e tive que parar – por um longo tempo. E então eu comecei a estudar meditação. E quando eu finalmente parei, eu me encontrei num retiro, sentado numa almofada, e foi como se alguém tivesse colado um rádio na minha cabeça e o ligado no volume máximo. Eu fiquei tipo “Oh meu Deus!”.
CUMBERBATCH: É tão alto quando você para pra escutar. Porque você está seguindo o fluxo o tempo todo, selecionando o que é mais alto ou o que é mais negativo.
YORKE: Eu sentava no meu estúdio e, assim que eu começava a trabalhar, as vozes começavam a me dizer ”você não pode fazer isso, você não pode fazer aquilo”, então eu tive que parar. Eu tinha que entender algumas coisas.
CUMBERBATCH: Eu definitivamente já tive pausas nesse sentido. E estou maravilhado com sua trajetória. As cobranças incessantes das gravadoras, essa coisa toda. De muitas formas, eu acho que estou numa trajetória mais devagar. É nisso que eu preciso trabalhar: separar o que realmente importa, conservar energia não me preocupando com que as outras pessoas pensam. Quero dizer, nada realmente o prepara para todas as coisas-
YORKE: Mas você tem pais que estão na mesma profissão.
CUMBERBATCH: Isso tem ajudado demais. Ainda que as experiências deles tenham sido diferentes das minhas. Eu não fui ator mirim; Não viajei com eles no circuito. Mas eu olhei no mundo deles, então eu sabia sim no que eu estava entrando, até certo ponto. Eles são uma constante fonte de foco. Minha maior motivação na vida é deixá-los orgulhosos. Mas até isso deve ter limite.
YORKE: Esse filme que está para sair, A Batalha das Correntes, sobre a disputa entre Westinghouse e Tesla, é uma coisa pela qual meu colega de banda Ed [O’Brien] ficou obcecado há alguns anos, quando ele leu um livro sobre isso.
CUMBERBATCH: É sobre esses homens incríveis, uma falha de comunicação gigantesca, e egos. Ela resultou na oportunidade perdida de se fazer uma colaboração como nenhuma outra.
YORKE: Nós estaríamos vivendo num planeta diferente se o Tesla tivesse ganhado.
CUMBERBATCH: Mas ele era um peixe fora d’água em Nova York; As pessoas não entendiam seu sotaque sérvio. O fato de ele falar como um profeta não ajudou. Ele falava de coisas que ele havia formulado em sua mente, mas para as quais ele não tinha modelos: o fornecimento sem cabos de eletricidade, quanto mais comunicação. Como todos os visionários, ele ousou formular para além das restrições do status quo. A terrível lição de história é que nós frequentemente ignoramos essas pessoas, só porque elas são estrangeiras ou diferentes de nós.
YORKE: Mas ele construiu algumas dessas coisas, certo?
CUMBERBATCH: O trabalho dele ainda é enormemente influente na maneira com que vivemos nossas vidas. E eu vou esquecer cada coisa que ele realmente fez.[ambos riem].Ele é sem dúvida o personagem mais extraordinário, e Westinghouse é o mais humano, e Edison é o mais falho. Você tem esses três homens apoiando um tipo de entendimento ou controle da corrente elétrica: Edison focando muito em patentes; Westinghouse tentando construir os laços de amizade e levar seu sistema para o mercado; Tesla trabalhando para Edison; Edison não aceitando o conselho de Tesla e indo para o Westinghouse e formando um relacionamento. Tesla deu suas patentes ao Westinghouse. É incrível. A verdadeira tragédia é o que poderia ter sido.
YORKE: Ok, perguntas estúpidas agora. Momento Just Seventeen. Você é bom em dizer não?
CUMBERBATCH: Não.
YORKE: [risos] Você é um bom motorista?
CUMBERBATCH: Eu acho que sou um motorista muito bom. Aparentemente, a causa da raiva na estrada – assim como a raiva no geral – é algum tipo de complexo de superioridade que, deus sabe, os carros estimulam.
YORKE: A melhor hora para se escutar música é no carro.
CUMBERBATCH: Oh sim. Eu ouvi seu álbum A Moon Shaped Pool pela primeira vez enquanto eu dirigia pelo condado onde você mora.
YORKE: Merchan!
CUMBERBATCH: Merchan. Foi fabuloso. Foi uma maneira ótima de escutá-lo pela primeira vez.
YORKE: Ele definitivamente foi escrito para carros. Ok, outra: Você confia com facilidade?
CUMBERBATCH: Sim.
YORKE: Você precisa, certo?
CUMBERBATCH: Às vezes, você precisa, às vezes, não. Às vezes, durante uma conversa com um jornalista – onde você está respondendo coisas sobre as quais você não conversa normalmente, nem mesmo com seus amigos mais próximos – você acaba sendo bastante confessional, você não pensa na amplificação da coisa. Não importa o quão sofisticados esses jornalistas sejam, eles têm editores ou tendências políticas por trás de suas publicações, o que significa que, basicamente, eles vão moldar o que você disse a um artigo que eles já escreveram. Então você precisa ter muito cuidado com suas palavras. Eu ainda acho isso difícil, como qualquer pessoa que lida com a imprensa vai lhe dizer. É por isso que é legal, nessa aqui, falar com um amigo. Mas, às vezes, com um café e um sorriso amigável, eu começo a falar sem pensar em como a coisa será lida.
YORKE: Bom, eu o paro se eu vir que você está cavando um buraco, ok?
CUMBERBATCH: Por favor, faça isso, obrigado.
YORKE: Você é espontaneamente brincalhão?
CUMBERBATCH: Não tenho certeza sobre poder me atribuir a qualificação de espontaneamente brincalhão.
YORKE: Você foge dos problemas ou você mete sua cara neles?
CUMBERBATCH: Eu acho que tive reações emocionais bem instintivas às coisas, e que, às vezes, eu disse coisas sem pensar. Ser emocional demais embaçou meu julgamento.
YORKE: Você está falando isso em relação ao que você diz às pessoas?
CUMBERBATCH: Situações em que o que eu falo ecoa muito mais longe do que é saudável. Eu gostaria de deixar apenas o trabalho falar. Estamos em posições em que as pessoas nos fazem perguntas; elas querem saber mais do que só sobre o trabalho. E a coisa pode ir para um lado sobre o qual eu calei minha boca totalmente, seja porque ser muito sobre minha vida pessoal ou por ser muito opinativo em relação a coisas no mundo. Acho que a melhor coisa a se fazer – eu aprendi isso com pessoas bem mais sábias do que eu – é fazer um trabalho muito bom e discreto por trás de portas fechadas.
YORKE: Toda vez que você assume algum ponto de vista moral, você é criticado.
CUMBERBATCH: Há outras pessoas que não se importam em gritar do seu púlpito e serem julgadas por isso, e elas fazem um tremendo bem- um bem real, na rua, que muda vidas. Então, eu acho que, às vezes, pode ser uma questão de equilíbrio.
YORKE: Eu acho que não importa o que você faça, você não pode se encontrar numa posição onde você está prejudicando sua habilidade de fazer o resto do que você faz. Eu me encontrei nessas posições vezes demais.
CUMBERBATCH: Eu não me chamo de especialista por ter interpretado especialistas. Eu sei um pouquinho sobre muito pouco. Mas é muito difícil não ser seduzido a dizer alguma coisa, especialmente se está relacionado ao trabalho.
YORKE: Falando em trabalho, você já pegou um papel e depois chegou a um ponto onde você se sentiu, tipo “estou por fora aqui”, e quis sair?
CUMBERBATCH: Muitas vezes. Mas se você não consegue fracassar, você nunca vai melhorar. E esses nem foram fracassos totais, esses empreendimentos, mas havia muita coisa que não estava certa neles. Um dos primeiros papéis que eu tive no teatro foi com um diretor brilhante, numa peça brilhante, com um elenco brilhante, mas eu não conseguia encontrar meu caminho para o coração do personagem. Eu me encontrei me forçando demais.
YORKE: Só nos ensaios ou quando a peça começou?
CUMBERBATCH: Quando ela começou. Foi a [peça de Eugène Ionesco] Rhinoceros. Eu não me importo em dizer o nome, porque eu já falei sobre ela. Foi parcialmente por causa de onde minha cabeça estava, e foi um grande salto de disciplina. Eu não acho que estava preparado para isso. Eu não acho que eu tinha as ferramentas completas para fazer justiça a ela. É uma peça muito difícil, é um papel extraordinariamente difícil, e eu nunca senti que eu consegui acertá-lo. Longe disso. De certa forma, foi a mesma coisa com Hamlet. Mas não teve nada a ver com a produção ou qualquer outra coisa – o desafio de fazê-la noite após noite foi simplesmente o mais extraordinário.
YORKE: Foi quando nos conhecemos! Eu lembro de entrar no seu camarim e sua voz estar destruída porque você tinha feito quatro semanas de apresentações e matinês, certo?
CUMBERBATCH: Semanas de oito shows.
YORKE: Você estava fazendo essa coisa completamente emocional, deixando tudo exposto, fazendo isso de novo e de novo, levantando de manhã, correndo e depois fazendo tudo de novo. Eu teria enlouquecido totalmente.
CUMBERBATCH: [risos] Não, não teria – o treinamento me deu os alicerces para conseguir fazer isso. Uma produção naquela escala, num teatro grande daquele jeito, você tem dificuldades em manter sua voz perfeita como no início. Todo o trabalho que eu fiz – a musculação – ajudou a manter meu corpo em forma. Hamlet, a peça, foi um treinamento cardiovascular de mais ou menos três horas, sem contar o elemento mental e emocionalmente destrutivo da coisa.
YORKE: Eu fiquei bem impressionado. Eu vi em você um homem que se dedicou ao seu trabalho, enquanto eu reclamo de ter prazos. Eu tenho mais algumas perguntas no estilo Just Seventeen. Você tem pantufas?
CUMBERBATCH: Sim, até demais.
YORKE: Você tem óculos para leitura?
CUMBERBATCH: Não, mas eu sou míope. Eu preciso deles para assistir a filmes ou shows. Não é uma afetação hipster. Eu realmente tenho uma visão ruim. Assim é o quão ridícula minha vida é: eu fiz exames para usar lentes de contato, mas não encontrei metade de um dia em que eu possa ir para o oftalmologista.
YORKE: Você anda pela casa murmurando suas falas?
CUMBERBATCH: Com certeza.
YORKE: Minha namorada faz isso.
CUMBERBATCH: Realmente é o único jeito, a não ser que você tenha alguém que pode passá-las com você o tempo todo.
YORKE: Eu ando pela casa e escuto essa conversa. E eu fico tipo “Mas que diabos é isso? Oh, ela está estudando suas falas”. [risos] É como se a pessoa estivesse possuída.
CUMBERBATCH: Ela faz as deixas das outras pessoas para as falas dela também? Meu pai costumava fazer isso. É estranho, ouvir seu pai falando com o seu pai.
YORKE: Sim. Você pratica riso ou choro? Eu tenho essa imagem do Benedict no banheiro só “Ha, ha, ha, ha”.
CUMBERBATCH: Eu provavelmente já chorei no banheiro. Mas eu tento não fazer isso, porque eu tenho pessoas na minha casa que ficaram transtornadas por ver seu pai tendo uma variação de humor tão estranha e isolada. Eu acho que é importante fazer um pouco disso em algum tipo de espaço fechado. É uma questão de encontrar gatilhos e tentar muito encontrá-los nos seus personagens e em suas histórias de vida, e não em sua vida pessoal, porque isso pode fugir do controle. Rir e chorar são coisas realmente similares – o que acontece com o seu corpo. É um processo muito similar no seu diafragma. Assim como um músico, você precisa fazer suas escalas de vez em quando e aquecer sua voz.
YORKE: Você tem um bom relacionamento com seu ego? Sabe, aquela parte de você que lhe dá o que você precisa para fazer as coisas que você precisa fazer, mas que ao mesmo tempo pode começar a controlar as coisas, se você não tiver cuidado.
CUMBERBATCH: Essa é uma forma muito boa de descrevê-lo. E, sim. Eu acho que encontrei o equilíbrio. Mas eu tenho armadilhas. Eu tenho respostas emocionais a coisas que não são realmente sobre mim. São sobre outras pessoas.
YORKE: Quando você está trabalhando?
CUMBERBATCH: Sim. Essa é uma coisa na qual eu preciso trabalhar: separar o que realmente importa, para conservar energia não me preocupando com que as outras pessoas pensam.
YORKE: Você leva seu trabalho para casa?
CUMBERBATCH: Quando eu saio por aquela porta, o foco é a casa. Se eu não fizesse isso, eu seria consumido por apenas uma coisa e magoaria as pessoas que me amam. E isso prejudicaria o trabalho.
YORKE: Você vai fazer teatro de novo?
CUMBERBATCH: Há planos em andamento para isso acontecer num futuro não muito distante, mas não neste ano.
YORKE: Você escreve? Eu tenho a sensação de que você escreve, mas não mostra pra ninguém.
CUMBERBATCH: Você está absolutamente certo. Mas eu não acho que eu conseguiria transformar meus escritos em roteiros ou em livros.
YORKE: Como você se sente em relação às palavras que você escreveu?
CUMBERBATCH: Minha escrita é bem ruim. Eu frequentemente penso ”pra quem é isso?”. Às vezes, são impressões sobre o dia ou sobre minha vida, ou é ficção. Às vezes, é sobre coisas que eu quero lembrar ou eu tento escrever num francês bem horrível.
YORKE: Você é bom em francês?
CUMBERBATCH: Não, de jeito nenhum. Mas é uma das minhas ambições. Eu gostaria de um dia ser capaz de sonhar em francês. Italiano e francês são dois idiomas que eu gostaria de saber.
CUMBERBATCH: Como se diz “beijos” em italiano? Não consigo lembrar.
YORKE: Baci, baci.
CUMBERBATCH: Baci, baci.
YORKE: Baci, Cumberbatch-i.
CUMBERBATCH: Isso é muito Just Seventeen. Por favor, não usem essa parte.
YORKE: Imagina terminar a entrevista assim?
Tradução: Gi |Fonte